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A Nissan fez o caminho inverso das outras marcas japonesas no Brasil. A fabricante até tentou se infiltrar no segmento de sedãs médios com o Sentra de quinta geração em 2005, logo substituído pelo de sexta, em 2007. Não funcionou. A média histórica ficou em apenas 600 unidades mensais – as rivais Toyota e Honda vendem cinco, seis vezes isso no segmento. Por isso, a Nissan decidiu recomeçar por baixo: passou a trazer modelos compactos, como o Tiida. Funcionou um pouco. Só deu certo mesmo quando trouxe carros mais modernos e baratos, como o hatch March e o sedã Versa. Agora, com mais fôlego, retoma a aposta em sedãs médios com a sétima geração do Sentra. O modelo chega do México com a árdua missão de emplacar 1.400 unidades por mês. O sedã ajuda nas ambições da Nissan de se tornar a marca japonesa que mais vende no Brasil, com 5% de participação até 2016 – algo entre 200 mil a 250 mil unidades anuais. Além de manter a produção de Frontier e Livina na fábrica da aliada Renault em São José dos Pinhais, no Paraná, a fabricante dará mais um passo nessa direção, com a inauguração no primeiro trimestre de 2014 da primeira fábrica própria no Brasil, em Resende, no Rio de Janeiro, onde já foi confirmada a produção da nova geração de March e Versa

O primeiro passo para dar visibilidade ao novo Sentra no “populoso” segmento de sedãs médios foi mudar profundamente o visual. Sem qualquer traço que lembre o modelo antigo, o carro parece o Versa numa versão mais “encorpada”. Os faróis de led com formato de bumerangue lembram o sedã compacto. A grade trapezoidal com três lâminas abriga a logomarca da Nissan e compõe a nova identidade estética da fabricante. Capô e paralamas estão mais encorpados e ajudam a dar um aspecto robusto ao conjunto. Atrás, outra lembrança do Versa, mas as lanternas de led são mais estilosas, com desenho irregular e que invadem a tampa do porta-malas. O veículo cresceu 7 cm no comprimento e 3 cm na largura. O entre-eixos ganhou 2 cm – agora são 2,70 m – o que amplia o espaço no habitáculo e privilegia o conforto, um dos aspectos mais importantes para sedãs médios.

Por aqui, o novo Sentra será comercializado em três versões. Todas têm o mesmo 2.0 flex de 140 cv de potência a 5.100 rpm e 20 kgfm de torque a 4.800 giros. A escolha foi simples. O propulsor flex é o mesmo que modelo anterior trazia sob o capô e também usado no Renault Fluence. A Nissan, porém, efetuou algumas melhorias no cabeçote e na cabeça dos pistões, além da nova calibração na injeção. As modificações tiveram o intuito de priorizar a economia e as emissões e provocou a perda de 3 cv e 0,3 kgfm de torque. Como resultado, obteve nota “A” na categoria no Programa Brasileiro de Etiquetagem do InMetro.

A Nissan é uma das poucas marcas que adotam o câmbio continuamente variável, CVT. Ela só não está presente na versão básica do Sentra, que traz um câmbio manual de seis relações. Segundo a Nissan, ela retrabalhou seu CVT, que tem 60% dos componentes novos, ficou 13% mais leve e com 40% menos atrito. Outra novidade é a incorporação do sistema de partida a frio, que elimina o “tanquinho” da gasolina, ainda comum em modelos flex. 

A versão de entrada S, apesar do câmbio manual, é bem recheada, com itens como chave presencial, botão de partida,  direção elétrica e volante multifuncional. Ela custa R$ 60.990 e, segundo a Nissan, só deve responder por 10% das vendas. A versão intermediária SV é a grande aposta de volume. Ela adiciona câmbio CVT, ar digital de duas zonas e sistema multimídia com tela de 4,3 polegadas com Bluetooth. Deve responder por 50% das vendas e tem preço de R$ 65.990.  A “top” SL sai a R$ 71.990 e ganha bancos de couro, seis airbags, teto solar elétrico, rodas de liga-leve de 17 polegadas, sensor de estacionamento com câmera de ré integrada ao display de 5,8 polegadas e GPS.

Interior do Novo Sentra

Ponto a ponto

Desempenho – Todas as três versões do Sentra são equipadas com o motor 2.0 flex, capaz de desenvolver 140 cv  a 5.100 rpm e 20 kgfm de torque a 4.800 rpm. Em trabalho conjunto com o câmbio CVT, o propulsor se mostra justo e move o sedã sem esforço. Quando o pedal da direita é pressionado com certa determinação, acelerações se mantém progressivas, sem qualquer nervosismo. O Sentra ganha força de forma gradual e sempre privilegia o conforto. Nota 6.

Estabilidade – A sétima geração do Sentra foi concebida para dar conforto a quem dirige e aos demais ocupantes. Apesar da calibração da suspensão ter sido reajustada para as estradas brasileiras, o rodar é suave. Nas curvas, o sedã médio mostra equilíbrio e segue na trajetória apontada sem problemas. Nota 8.

Interatividade – Mesmo com a falta de ajustes elétricos dos bancos, é fácil achar a posição adequada para a condução. O volante tem boa pegada e ajustes de altura e profundidade, porém é poluído com o excesso de botões. Leva-se algum tempo para acostumar e apertar os comandos certos sem tirar os olhos da estrada. Nota 7.

Consumo –  O InMetro mediu o consumo do novo Sentra SL em janeiro deste ano. E registrou um consumo médio de 6,9 km/l na cidade e de 9,1 km/l na estrada com etanol e de 10,2 km/l na cidade e 12,9 km/l na estrada com gasolina. Estes números renderam nota “A” dentro de sua categoria e “C” no geral no programa de etiquetagem do InMetro. Nota 8.

Frente do novo Sentra

Conforto – As dimensões mais generosas que seu antecessor fazem do novo Sentra um carro perceptivelmente mais espaçoso. Quatro adultos viajam tranquilamente. Até existe um quinto encosto de cabeça, mas “lotar” o sedã pode compromete um pouco o conforto dos demais ocupantes na parte traseira. Para o isolamento acústico, a Nissan utilizou um material fonoabsorvente mais robusto, o que garante um baixo nível de ruído na cabine. Nota 9.

Tecnologia – Uma das apostas da Nissan foi rechear o novo Sentra e manter o preço competitivo. O sedã traz sistemas como chave presencial, ignição por botão, sensor crepuscular, computador de bordo e rádio/CD/MP3/Bluetooth desde a versão de entrada. Câmara de ré com sensor de estacionamento, teto solar, display de 5,8 polegadas com GPS integrado são outros “gadgets” disponíveis no veículo. A plataforma é nova, criada em 2012 e deixou o modelo 33 kg mais leve graças ao uso de aços de alta resistência na estrutura. Já o motor, bem mais antigo – de 2004 –, só é utilizado no modelo para o Brasil, mas passou por aprimoramentos. Nota 8.

Habitabilidade – As portas do novo Sentra têm um ângulo de abertura de quase 90º, o que facilita a entrada e a saída do veículo. O número de porta-objetos é limitado. Já o porta-malas tem capacidade para bons 503 litros – 61 litros a mais que o anterior. Nota 8.

Acabamento – O interior do Sentra não traz requinte, mas mostrou evolução. O uso contido de plásticos rígidos e a grande quantidade de materiais maleáveis e agradáveis ao toque dão o tom da cabine. Os encaixes do sedã feito no México mostram qualidade na montagem. Os bancos de couro – somente na versão topo – dão um sopro de sofisticação. Nota 8.

Design – O novo Sentra não lembra em nada o antigo, mas ainda está longe de ter linhas revolucionárias. A Nissan deu a nova identidade visual da marca, caracterizada pela grade dianteira cromada em trapézio invertido. As lanternas de led na frente e atrás dão um toque de modernidade ao sedã. Nota 8.

Custo/benefício – A Nissan vai atacar uma faixa respeitável de preço no segmento. A versão top do Sentra é mais em conta que configurações intermediárias dos concorrentes “automáticos” Honda Civic 2.0 LXR, que tem valor de R$ 74.490, e Toyota Corolla 2.0 XEi, que custa R$ 75.620. Se comparado no andar de cima, a diferença fica gritante. O Civic 2.0 EXR chega a R$ 83.990 e o Corolla Altis 2.0 custa exatos R$ 85 mil. O valor de R$ 71.990 não chega a ser “compra de mercado”, mas é um poderoso instrumento de sedução. Nota 9.

Total – O novo Nissan Sentra somou 79 pontos em 100 possíveis.

Detalhe da lanterna traseira

Primeiras impressões

Rio de Janeiro/RJ – A Nissan aproveitou a nova cidadania fluminense e fez a apresentação do novo Sentra em uma das tradicionais praias carioca, na Barra de Tijuca. No teste, a marca japonesa queria causar boa impressão e disponibilizou apenas o que tinha de melhor: a versão topo SL, que deve responder por 40% do share do novo Sentra. 

Visualmente, a nova geração não faz questão de lembrar o modelo anterior. Mas o design não arrisca nenhum tipo de ousadia, embora traga um aspecto de modernidade ao carro. Para ser alguém na multidão de sedãs médios no Brasil, a Nissan incorporou uma boa dose de tecnologia. Desde a configuração de entrada, o Sentra conta com o sistema de chave presencial que, com apenas um toque na maçaneta, libera a trava central do veículo. Dentro, para ligar o carro basta apenas o pé no freio e um leve pressão do botão de partida.

Em movimento, o sedã corrobora com tal expectativa: não demonstra nenhuma vocação esportiva. O Sentra prima pela serenidade e o ganho de velocidade, mesmo com o pé “fincado” no acelerador, é gradativo. A tocada do propulsor de 140 cv a 5.100 rpm é apenas suficiente para mover dignamente os 1.348 kg. Com a transmissão CVT de última geração e os 20 kgfm de torque a 4.800 rpm, o câmbio traz melhor resposta nas saídas e menor rotação em altas velocidades. Mas não há a opção de simulação de engate manual de marchas. Não há mesmo como estimular o Sentra a ficar nervoso. 

No pequeno trajeto pela orla carioca, o Sentra revela a suspensão bem ajustada para a “buraqueira” das ruas brasileiras. Nas curvas, o modelo tem um comportamento justo e boa estabilidade. O ruído na cabine se eleva depois dos 100 km/h, mas nada que incomode os ocupantes. Pensando na visibilidade do motorista, o terceiro apoio de cabeça do banco traseiro tem tamanho reduzido.

Já o interior evoluiu, mas não traz grandes refinamentos. A maioria dos materiais usados agrada ao tato e os porta-copos estão espalhados pelo console central e nas portas. Porém, não há bons espaços para objetos úteis como carteira e telefones celulares. O volante tem revestimento em couro e boa pegada, mas o excesso de comandos pode incomodar e desviar a atenção na hora da condução. Sem ajustes elétricos, os bancos de couro têm densidade correta e garantem o conforto a bordo. O sistema multímídia é de fácil manuseio e o ar-condicionado dual zone é eficiente na refrigeração do habitáculo. O painel de instrumentos é simples e tem mostradores objetivos, sem firulas. O conjunto tem tudo para agradar ao público-alvo – a Nissan estima que seja comporto por 80% de homens, 92% deles casados e com filhos. Definitivamente, o Sentra não é um carro para paqueras.

Ficha técnica - Nissan Sentra 2.0 16V

Motor: Bicombustível, dianteiro, transversal, 1.997 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando variável nas válvulas de admissão e escape e duto de admissão de dupla geometria. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio continuamente variável à frente (CVT) e marcha a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência máxima: 140 cv a 5.100 rpm com etanol/gasolina.
Torque máximo: 20 kgfm a 4.800 rpm etanol/gasolina.
Diâmetro e curso: 84 mm X 90,1 mm.
Taxa de compressão: 9,7:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com barra estabilizadora. Traseira com eixo de torção, barra estabilizadora e molas helicoidais.
Freios: Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e quatro lugares. Com 4,63 metros de comprimento, 1,76 metro de largura, 1,51 metro de altura e 2,70 metros de entre-eixos. Oferece airbags duplos de série.
Peso: 1.348 kg.
Capacidade do porta-malas: 503 litros.
Tanque de combustível: 52 litros.
Produção: Aguascalientes, México. 

Motor do novo Sentra

Itens de série

Versão S: Câmbio manual de seis relações, chave presencial I-Key, freios ABS com EBD, airbags frontais, rodas de liga-leve de 16 polegadas, lanternas e faróis de led, ar-condicionado, direção elétrica com assistência variável, retrovisores externos com regulagem elétrica, botão de ignição Start/Stop, faróis de neblina, volante multifuncional com acabamento em couro, rádio com CD/MP3/Bluetooth e quatro alto-falantes. Preço: R$ 60.990.

Versão SV adiciona: Câmbio CVT, ar-condicionado digital duas zonas, piloto automático e sistema multimídia com tela colorida de 4,3 polegadas com rádio CD/Aux/Mp3/Ipod/Bluetooth e seis alto falantes. Preço: R$ 65.990.

Versão SL adiciona: Bancos de couro, airbags laterais e do tipo cortina, sensor crepuscular, tetol solar elétrico, retrovisores eletricamente rebatíveis, rodas de liga leve de 17 polegadas, sensor de estacionamento com câmara traseira, sistema multimídia com rádio/CD/Mp3/Aux/USB/Bluetooth e GPS integrado ao painel. Preço: R$ 71.990.

Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias