Apesar da crise, o mercado automotivo brasileiro mostra generosidade com as marcas de luxo. É claro que esta é uma realidade que privilegia normalmente os modelos de volume desses fabricantes, mas a crescente demanda por utilitários esportivos fez com que todos “crescessem o olho” nessa fatia de mercado. As ofertas dos SUVs das marcas premium vão desde os mais em conta em suas tabelas até os modelos com valores capazes de pagar um bom apartamento em área nobre. É o caso do Land Rover Range Rover Sport, que ganhou uma versão no ano passado com o novo motor diesel V8 já adotado em outros modelos da linha – caso do Vogue e do Autobiography. E custa impressionantes R$ 519 mil.
Além do preço, o propulsor do modelo também é de tirar o fôlego – principalmente por ser alimentado por diesel. Tratam-se de um 4.4 litros capaz de gerar nada menos que 339 cv de potência, liberados a 3.500 giros, e rotundos 75,5 kgfm de torque, entregues a partir de 1.750 rpm. Em comparação com o 3.0 diesel, única opção disponível no modelo anteriormente, são 4,1 kgfm e 33 cv a mais, o que resulta em um SUV médio capaz de sair do zero e alcançar os 100 km/h em apenas 6,9 segundos – apesar de suas 2,4 toneladas de peso. Já a velocidade máxima é de 225 km/h. A transmissão é sempre automática de oito velocidades, desenvolvida pela ZF. Com a estrutura 100% em alumínio, o modelo consegue entregar uma relação peso/potência de 7,1 kg/cv – nada mau na categoria em que atua.
Um de seus pontos fortes, além do poderoso trem de força, é o sistema de suspensão, em alumínio. Ele é totalmente independente, com triângulos duplos à frente, e pneumático. De acordo com a Land Rover, é feito um monitoramento do piso cerca de 500 vezes por segundo para, junto com o controle de altura ajustado automaticamente, entregar o mínimo de rolagem de carroceria e estabilidade extrema em situações de alta velocidade. Fora de estrada, a suspensão pode ser elevada e, a partir do controle de seleção Terrain Response 2, é possível selecionar o modo mais indicado para cada tipo de terreno. Além disso, a tração integral permanente incorpora uma caixa de transferência com marchas reduzidas para condições aventureiras mais exigentes.
A segurança é reforçada com chassis com barras estabilizadoras ativas que trazem o veículo pra baixo nas curvas. O sistema de distribuição de torque usa um diferencial eletrônico e o sistema de freios para equilibrar a distribuição de torque do motor entre as quatro rodas nas curvas, o que ajuda a manter a velocidade constante na direção. Na prática, o sistema freia a roda de dentro e acelera a roda de fora do veículo. Desta forma, o carro se mantém no eixo correto e contribui para a agilidade em trajetos sinuosos. A lista de itens de série ainda engloba oito airbags.
A vocação de veículo familiar é reforçada não só pelo espaço interno – são 2,92 metros de entre-eixos –, mas também pelo sistema de entretenimento presente. Além dos já esperados Bluetooth, áudio streaming, USB, MP3 e sistema de navegação, há sinal digital de TV e tela de oito polegadas com tecnologia “dual view”, ou seja, os ocupantes dianteiros enxergam imagens diferentes, dependendo do lado em que estão. Atrás, duas telas com funcionamento individual são capazes de transmitir imagens diferentes e permitem conexão com alguns gadgets. Para não ter confusão entre os áudios, ficam disponíveis dois fones wireless. Não dá nem para dizer que só falta uma boa massagem, porque até isso os assentos dianteiros oferecem. Se bem que, pelo preço, nada chega a ser tão surpreendente no Land Rover Range Rover Sport HSE SDV8.
Ponto a ponto
Desempenho – Chega a ser assustadora a maneira como o utilitário de 2,4 toneladas e com motor diesel acelera. O V8 se mostra brutal nas arrancadas com seu torque de 75,5 kgfm disponíveis já a partir dos 1.750 giros. Ao mesmo tempo, tudo é feito com muita suavidade, característica que impressiona justamente por se tratar de um propulsor movido com diesel. A transmissão automática ZF de oito marchas também se comporta de maneira incontestável. As trocas acontecem nos momentos certos e o câmbio apresenta perfeita sintonia com o propulsor tanto na cidade quanto na estrada. Nota 10.
Estabilidade – Não se trata de um esportivo puro, mas o Range Rover Sport se comporta de forma exemplar em uma sequência de curvas e em velocidades elevadas. Obviamente, até pelo seu tamanho e peso, não dá para abusar demais – afinal, não se trata de um cupê ou um sedã esportivo. Mas a sensação de segurança é plena ao volante do Range Rover Sport HSE SDV8. Nota 9.
Interatividade – Há muitos comandos espalhados pela cabine, mas nada tão complicado na hora de utilizar. O sistema de entretenimento é completíssimo e conta até com duas telas que transmitem imagens independentes e são capazes de se conectar, por exemplo, a um vídeo game, além de incluírem fones sem fio. A visibilidade é favorecida pela altura generosa do carro e o ar-condicionado é de quatro zonas. Nota 10.
Consumo – Não há medições do InMetro para veículos com motores diesel. O computador de bordo acusou média de 9,6 km/l em ciclo misto. Com tamanho desempenho e pelo porte do modelo, não é ruim. Nota 8.
Conforto – O Range Rover Sport faz bonito nesse quesito. O acerto de suspensão é suave e nem mesmo os desníveis constantes das ruas brasileiras afetam a tranquilidade de quem viaja no habitáculo. O isolamento acústico é ímpar – só mesmo quando se exige bastante do propulsor o ronco aparece e, mesmo assim, de forma amena. Os bancos dianteiros têm todos os ajustes elétricos e ainda massageador. Nota 10.
Tecnologia – Além do sistema de entretenimento extremamente completo – inclusive com TV e tela “dual view”, em que o carona enxerga o programa sintonizado enquanto, na mesma tela, o motorista vê as informações do carro – e diversos recursos de conforto, o Range Rover Sport tem um trem de força avassalador. E que é pronto para as aventuras fora de estrada. O sistema Terrain Response 2 traz os modos dinâmico, automático, areia, pedra, lama e neve. É um desbunde tecnológico. Nota 10.
Habitabilidade – Como qualquer modelo mais alto, há certa dificuldade para entrar. Mas nada que não seja contornado com o hábito. Há bons porta-objetos espalhados por todo o habitáculo e o porta-malas leva 784 litros de bagagem. Nota 9.
Acabamento – Esse é mais um ponto em que o Range Rover Sport se destaca. Há mistura de couro, madeira ou alumínio, dependendo das preferências do consumidor. Mesmo procurando bastante, não se acha qualquer material que não seja agradável ao toque e ao olhar. E nada é exagerado, o ambiente é bem requintado e sóbrio. Nota 10.
Design – O Range Rover Sport é um utilitário que impressiona nem tanto pela sua beleza, mas principalmente pelo porte. E a proposta nem é mesmo a de ser bonito, mas sim de transmitir a robustez de um jipe clássico e imponente. Mas o formato um tanto tradicional também apresenta certa pitada contemporânea. É um carro atraente. Nota 8.
Custo/benefício – O preço é bem caro, embora tudo que o carro ofereça seja realmente impressionante. O Range Rover Sport HSE SDV8 é tabelado em R$ 519 mil. Mas carrega um padrão de refinamento que é bem difícil alcançar. De qualquer forma, uma coisa é certa: em tempos de crise, só mesmo com muito dinheiro sobrando para se optar por um carro como esse. Nota 4.
Total – O Land Rover Range Rover Sport HSE SDV8 somou 88 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
O Range Rover Sport SDV6 já entregava uma performance digna de elogios, mas é inegável a evolução com a adição dos 4,1 kgfm de torque e 33 cv de potência em comparação ao 3.0 diesel oferecido anteriormente no Brasil. Arrancadas, ultrapassagens e retomadas são feitas com ainda mais vigor. O zero a 100 km/h, por exemplo, caiu 0,3 segundos, ficando agora em 6,9 s. Diante de um modelo com 2,4 toneladas, é um número extremamente imponente.
Tanto a potência quanto o torque máximos aparecem em giros baixos. Os 339 cv surgem já a 3.500 rpm, enquanto os 75,5 kgfm aparecem plenamente em 1.750 rpm. O resultado é que não há espaço para qualquer sensação de falta de força. O SUV parece estar sempre disposto e pronto para responder quase instantaneamente aos anseios do condutor, a partir da pressão aplicada ao pedal do acelerador. As trocas de marchas ocorrem no tempo certo e, apesar de haver aletas para trocas manuais, não existe a menor necessidade de recorrer a elas. Basta pisar no acelerador que o carro ganha velocidade rapidamente.
Entre as opções de modo de condução, a que mais instiga é certamente o dinâmico. As rotações sobem rapidamente e a suspensão pneumática logo se adapta à essa situação, assim como a direção elétrica, que fica mais firme. A estabilidade, aliás, é um ponto que chama atenção no Range Rover Sport SHE SDV8. Apesar das dimensões avantajadas e da carroceria alta, o comportamento do utilitário é exemplar, mesmo diante de curvas acentuadas.
A preocupação em garantir a diversão na viagem não se resume ao bom desempenho entregue ao condutor. O sistema de entretenimento que equipa o Range Rover Sport é de “cair o queixo”. Ao contrário de alguns equipamentos que desligam a imagem da televisão digital enquanto o veículo está em movimento, a tela passa a ter apresentações distintas em cada lado do carro. Para o motorista, ficam disponíveis as informações do veículo, por exemplo. Mas quando se olha do banco do carona, o que se vê é a novela, o telejornal ou o que mais estiver no ar.
Atrás, duas telas nas costas dos encostos de cabeça dianteiros são capazes de evitar brigas entre crianças. Cada uma delas funciona isoladamente e o sossego para o áudio é garantido com fone de ouvido via wireless. Até o ar-condicionado é de quatro zonas, garantindo a individualidade de todos em um passeio com quatro ocupantes. O farto teto panorâmico – fixo – amplia ainda mais a sensação de espaço. E os bancos, extremamente confortáveis, contribuem para que fique totalmente instaurado no habitáculo o clima de sala de estar. Perfeito para relaxar e aproveitar o passeio.
Ficha técnica
Land Rover Range Rover Sport HSE SDV8
Motor | Diesel, dianteiro, longitudinal, 4.367 cm³, oito cilindros em V, duplo comando no cabeçote e quatro válvulas por cilindro, com dois turbocompressores sequenciais em paralelo. Injeção Common Rail |
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Potência máxima | 339 cv a 3.500 rpm |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 6,9 segundos |
Velocidade máxima | 225 km/h |
Torque máximo | 75,5 kgfm entre 1.750 e 3 mil rpm |
Diâmetro e curso | 84 mm X 98,5 mm |
Taxa de compressão | 16,1:1 |
Suspensão | Pneumática de altura variável. Dianteira independente do tipo McPherson com amortecedores hidráulicos. Traseira pneumática com triângulos duplos e amortecedores hidráulicos. Oferece controle eletrônico de estabilidade |
Pneus | 275/45 R21 |
Freios | Discos ventilados na frente e atrás. Assistidos por ABS, ETC, DSC, HDC, EBD e EBA |
Carroceria | Utilitário esportivo sobre longarinas com quarto portas e cinco lugares. Com 4,85 metros de comprimento, 2,07 m de largura, 1,78 m de altura e 2,92 m de distância entre-eixos. Tem oito airbags |
Peso | 2.398 kg |
Capacidade do porta-malas | 784 litros |
Tanque de combustível | 105 litros |
Produção | Solihull, Inglaterra |
Itens de série | Ar-condicionado de quatro zonas, direção elétrica, trio elétrico, bancos com ajuste elétrico, memória e massagem, cruise control, sensor de luminosidade e de chuva, sistema de auxílio de funcionamento off-road automático, central multimídia com tela sensível ao toque, GPS, Bluetooth e TV Digital, faróis de xenon, câmara de ré, duas telas adicionais atrás dos bancos dianteiros, freio de Estacionamento Elétrico, pré-freio automático, assistência a frenagens de emergência, sistema de controle de frenagens em curvas, distribuição eletrônica da força de frenagem, controle de descida em declives, suspensão a ar nas quatro rodas, caixa de Transmissão de duas velocidades (High/Low Range) para off road, sistema de mods de direção Terrain Response 2, sistema de vetorização de torque, chave presencial, alarme e limitador de velocidade. |
Preço | R$ 519 mil |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias