O Toyota Corolla conta uma história de sucesso no mundo inteiro. Só entre janeiro e maio deste ano, foram vendidos mais de meio milhão de unidades no cenário global, o que o torna o líder do ranking automotivo do planeta. No Brasil, o modelo está em sétimo lugar no acumulado do primeiro semestre, com 29.188 emplacamentos. E parte deste êxito aqui se deve à versão XEi, que responde por cerca de metade de suas vendas e é a que mais rivaliza com concorrentes como os renovados Honda Civic e Chevrolet Cruze.
Com o recente face-lift, as mudanças mais significativas estão além do visual – que pouco foi alterado. Faróis, grade e lanternas do sedã foram mexidos, mas a grande evolução está mesmo no que diz respeito à segurança. Não só a configuração XEi, mas todas as disponíveis da linha passaram a sair de série, desde março último, com controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de subida e sete airbags. As rodas de 16 polegadas foram substituídas por outras, agora de 17 polegadas, que elevaram a suspensão em 5 mm. Com essa adoção, os engenheiros da Toyota desenvolveram uma nova calibração para os amortecedores dianteiros e traseiros, além de recalibrar também o software do módulo de controle da direção elétrica.
No motor e câmbio, no entanto, nada foi mexido. O Corolla XEi recebe o 2.0 de 154 cv máximos associado à transmissão CVT, que reproduz sete marchas sequenciais no modo Drive, por meio de trocas na alavanca de transmissão ou borboletas localizadas atrás do volante. Há ainda um modo Esporte, que altera o gerenciamento da transmissão e proporciona um comportamento um pouco mais agressivo.
Por dentro, a versão XEi traz acabamento em couro na cor cinza. Difusores do ar-condicionado ganharam formato arredondado e também acabamento cromado. Já o painel de instrumentos traz dois grandes círculos: o esquerdo reúne o conta-giros e o termômetro do motor; o direito, o velocímetro e o indicador de combustível. No centro, uma tela de TFT de 4,2", agora colorida, exibe diversas informações sobre a condução, em projeção tridimensional. A tecnologia aparece ainda no sistema multimídia Toyota Play, que recebe tela de LCD de 7 polegadas sensível ao toque.
As boas vendas do Corolla no Brasil nunca foram baseadas em preços baixos – normalmente, os valores cobrados ficam ligeiramente acima dos principais concorrentes. Segundo a Toyota, é a confiabilidade da marca que ajuda a tornar a relação custo/benefício do sedã mais atraente. Na linha 2018, a variante XEi sai a R$ 103.990. Mesmo assim, contabilizando todas as suas configurações, o Corolla emplacou mais no primeiro semestre de 2016 que a soma de vendas do Honda Civic, Chevrolet Cruze, Volkswagen Jetta e Ford Focus, que compõem com ele a lista dos cinco primeiros colocados entre os sedãs médios e registraram, os quatro, 28.858 exemplares comercializados, de acordo com dados divulgados pela Fenabrave.
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 2.0, assim como a transmissão CVT da versão XEi do Corolla, não mudaram com o face-lift promovido no mês de março, na linha 2018. Não há um arroubo de vigor, mas seus 20,7 kgfm e 154 cv são suficientes para mover o modelo de forma honesta. Como o torque máximo só aparece perto das 5 mil rpm, é preciso esgoelar o três volumes e elevar seus giros para que ele responda melhor. Nota 7.
Estabilidade – Apesar de ser um modelo que prioriza o conforto e não o desempenho, a suspensão parece um pouco mais firme e o carro se dá bem em curvas quando se extrai um pouco mais de força de seu motor. Com a adoção do controle de estabilidade e de tração, a sensação de segurança aumenta na hora de pisar com mais força no pedal do acelerador. Mas é muito difícil notar esses recursos em ação. Nota 9.
Interatividade – A racionalidade japonesa continua e todos os comandos estão bem posicionados e têm uso intuitivo. A central multimídia é bem completa, com funções de áudio, navegação, câmara de ré, conexão USB e Bluetooth. Bastam poucos minutos na cabine para que o motorista entenda o funcionamento do equipamento e para que servem os comandos do veículo. Nota 8.
Consumo - O Programa de Etiquetagem Veicular do InMetro constatou que, na versão XEi 2.0 flex, o sedã registra médias de 10,6 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada, com gasolina, e 7,2 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada, quando abastecido com etanol. Tais números de consumo renderam nota “A” na categoria e “B” no geral. Nota 8.
Conforto – Esse é o principal objetivo do Toyota Corolla: transmitir conforto aos seus ocupantes. Apesar de garantir mais equilíbrio nas curvas, a suspensão segue filtrando bem as imperfeições das ruas brasileiras. O interior é espaçoso e os bancos, ergonômicos, recebem muito bem tanto o motorista quanto os demais passageiros. Quatro pessoas viajam com bastante folga e até um quinto elemento é aceito, principalmente para trajetos mais rápidos. Nota 9.
Tecnologia – A plataforma do Corolla foi apresentada em 2013, mas o sedã médio foi lançado em sua 11ª geração, na configuração XEi, com o mesmo 2.0 flex usado desde 2008 e que passou por algumas alterações em 2014, quando também foi adotada a atual transmissão CVT. Controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa e sete airbags de série são equipamentos de segurança interessantes e a central multimídia é bem moderna – tem até TV digital. Nota 8.
Habitabilidade – Há bons porta-objetos espalhados pelo carro e o acesso à cabine é bom tanto na frente quanto atrás, em virtude do bom ângulo de abertura das portas. O porta-malas continua a receber os mesmos 470 litros, o que pode ser considerado um bom espaço na comparação com outros concorrentes da categoria de sedãs médios. Nota 9.
Acabamento – Apesar de não ser tradicionalmente uma prioridade entre os modelos japoneses, pode-se dizer que a atenção dada ao acabamento nos modelos da Toyota vem melhorando. Há plásticos rígidos, mas os que estão mais em contato com os passageiros são emborrachados e com materiais que aparentam ter boa qualidade. Nesse quesito, o Corolla XEi não se destaca tanto, mas não destoa. Nota 7.
Design – O desenho do Toyota Corolla é um tanto clássico, sem os vincos protuberantes e a ideia de esportividade que vem sendo inserida nos concorrentes da categoria de sedãs médios. O face-lift deixou faróis e grade pouco mais afilados e as lanternas ganharam uma nova disposição de luzes, todas em leds. A verdade é que não mudou muita coisa, mantendo a imagem sóbria do carro. Nota 6.
Custo/Benefício – A Toyota, assim como sua principal concorrente entre os sedãs médios, a Honda, não cobra barato pelo seu sedã médio. Mas isso em nada parece atrapalhar o desempenho de vendas do Corolla. A configuração XEi, além de ser a mais em conta com propulsor 2.0, é bem equipada e reúne o que normalmente se espera na categoria em que atua: conforto e segurança. E a verdade é que todos os sedãs médios renovados recentemente subiram de patamar em seus valores. Por isso, os R$ 103.990 pedidos hoje pelo Corolla XEi parecem mais justificados agora, até pela credibilidade que a marca Toyota conquistou no Brasil. Nota 7.
Total - O Toyota Corolla XEi somou 78 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
A falta de novidades significativas no trem de força do Corolla XEi em sua linha 2018 e as poucas alterações visuais fazem com que o motorista comum, que usa o carro para sair com a família ou para o transporte de passageiros, não note diferenças em relação ao vendido até março último. Os pneus estão mais largos e, para a mudança, a suspensão passou por alguns ajustes. Aí talvez esteja a grande alteração no que diz respeito a direção, já que a sensação é de mais segurança e firmeza em curvas.
O motor 2.0 de 154 cv não chega a deixar a desejar, mas está longe de garantir alguma diversão para o condutor. Qualquer retomada de velocidade ou ultrapassagem depende de elevar rapidamente os giros, já que seu torque máximo de 20,3 kgfm só dá as caras em 4.800 rpm. Com a proliferação de motores turbos até em hatches compactos hoje em dia, esse tipo de espera se torna um pouco mais incômoda.
Já em relação ao conforto, o Corolla continua mandando bem. O espaço é bem amplo, a cabine recebe bem até cinco passageiros e o porta-malas carrega bons 470 litros, garantindo farto espaço para compras de mercado ou bagagens para uma viagem em família. A mistura de tons no acabamento adiciona algum charme ao habitáculo, apesar de não haver uma atmosfera de requinte ou luxo. O que impera mesmo é a racionalidade japonesa.
O sistema de multimídia é um dos mais completos em sua categoria, já que reúne interação com smartphones, tela touch, navegador GPS e até sinal de TV digital – a imagem só fica disponível quando o carro está parado, por questões de segurança. Em tempos de tanta importância para a conectividade e aparatos tecnológicos, este é um bom trunfo para o Corolla XEi seguir respondendo por cerca de metade das vendas do modelo.
Ficha técnica
Toyota Corolla XEi
Motor | Etanol e gasolina, dianteiro, transversal, 1.986 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote e duplo comando variável de válvulas. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial |
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Transmissão | Automática do tipo CVT com sete relações pré-determinadas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração |
Potência máxima | 154 cv com etanol a 5.600 rpm. |
Torque máximo | 20,7 kgfm a 4.800 rpm com etanol |
Diâmetro e curso | 80,5 mm X 97,6 mm |
Taxa de compressão | 12,0:1. |
Suspensão | Dianteira independente do tipo McPherson com molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira com eixo de torção e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade |
Pneus | 215/50 R17 |
Freios | Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD de série |
Carroceria | Sedã em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,62 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,47 m de altura e 2,70 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina, além de joelho para o motorista de série |
Peso | 1.340 kg |
Capacidade do porta-malas | 470 litros |
Tanque de combustível | 60 litros |
Produção | Indaiatuba, São Paulo, Brasil |
Itens de série | Paddle-shifts no volante, direção elétrica, bancos de couro cinza com ajuste de altura para motorista, banco traseiro bipartido 60:40 com descansa-braços central e porta-copos, coluna de direção com regulagem manual de altura e profundidade, computador de bordo, controle de cruzeiro, descansa-braços dianteiro central com dois compartimentos, retrovisor elétrico, volante multifuncional, Isofix, vidros elétricos com acionamento por um toque e sistema antiesmagamento, câmara de ré, chave canivete com comandos integrados, painel de instrumentos com dois indicadores analógicos combinados com tela de TFT central digital, sistema multimídia com tela de sete polegadas, DVD, CD-R/RW, MP3, WMA, rádio AM/FM, GPS integrado, TV Digital, seis alto-falantes, entradas USB e auxiliar e Bluetooth |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/CZN