• Galeria: Foto 1 de 6
    Galeria: Foto 1 de 6
  • Galeria: Foto 2 de 6
    Galeria: Foto 2 de 6
  • Galeria: Foto 3 de 6
    Galeria: Foto 3 de 6
  • Galeria: Foto 4 de 6
    Galeria: Foto 4 de 6
  • Galeria: Foto 5 de 6
    Galeria: Foto 5 de 6
  • Galeria: Foto 6 de 6
    Galeria: Foto 6 de 6

Em alguns segmentos, o mercado automotivo brasileiro expõe árduas rivalidades. E a mais glamurosa delas ocorre entre sedãs médios – que funcionam quase como modelos de luxo por aqui. As compatriotas Toyota e Honda travam uma “batalha” do mais alto gabarito pela liderança. De um lado o Corolla, modelo mais vendido no mundo. Do outro, o segundo carro mais emplacado pelo Honda no planeta, o Civic. Juntos, eles representam mais de 40% do share do segmento, que inclui uma dúzia de rivais. De 2009 a 2012, o sedã da marca fundada por Kiichiro Toyoda conseguiu manter a liderança no Brasil. Em 2013, o Civic desbancou o Corolla. Restou à Toyota se reinventar para voltar ao topo. Em março desse ano, começou a produzir  por aqui a 11ª geração do Corolla, lançada no Japão, Europa e Estados Unidos em junho de 2013. E o sedã veio com tudo novo: visual, transmissão e uma boa dose de tecnologia. Com a demanda maior que a oferta – há concessionárias com “fila de espera” de 60 dias –, o Corolla terminou abril atrás do Civic. Mas a diferença ficou em menos de 200 unidades. 

E as vendas da nova geração crescem embaladas pela versão intermediária XEi, responsável por dois em cada três Corolla emplacados. Ela parte de R$ 79.990 e traz alguns bons “gadgets”. O mais interessante deles é a central multimídia. Além da tela “touch” de 6,1 polegadas, o dispositivo agrega funções de aúdio, traz GPS, câmera de ré, tem entrada USB e AUX, Bluetooth, DVD e até TV digital. Mas, como toda mudança de geração, a mais perceptiva alteração é no design. A Toyota optou por trazer ao Brasil o modelo vendido na Europa, que tem um visual mais comportado em relação ao dos Estados Unidos – que pode desembarcar aqui como uma versão esportiva. O Corolla obedece aos novos conceitos estéticos da marca, chamados de “Keen Look” – um certo “olhar nervoso” do conjunto ótico frontal – e “Under Priority” – grade frontal mais baixa. Ambos os conceitos já estão presentes – em maior ou menor escala – no RAV4, no Etios e na picape Hilux. A carroceria mescla formas côncavas e convexas na dianteira, traseira e lateral. O amplo conjunto de faróis se une de forma integrada aos para-lamas. O desenho do capô é elevado e possui vincos acentuados no centro e nas laterais. A grade frontal aerodinâmica é formada por três filetes cromados, que  se incorporam aos faróis. Na parte traseira, as formas da carroceria e da tampa do porta-malas se integram às laterais e às lanternas redesenhadas para criar um visual elegante.

Novo Corolla XEi

A plataforma do novo Corolla apresenta uma grande evolução em relação à usada na geração anterior e propiciou ganhos significativos nas dimensões. O comprimento pulou de 4,62 metros para 4,70 m – 18 cm a mais que o Civic – e a distância entre os eixos subiu 10 cm – agora são 2,70 m. Mais espaçoso, o Corolla beneficia os ocupantes. Só o novo relevo das caixas de rodas proporcionou 7,5 centímetros adicionais entre a base do banco traseiro e o encosto do banco dianteiro.

Sob o capô, um “velho” conhecido. O motor 2.0 flex é o mesmo do Corolla anterior, mas passou por melhorias. A principal é a exclusão do reservatório de gasolina para partidas a frio. O propulsor também ganhou 1 cv e agora apresenta 143/154 cv e 19,3/20,4 kgfm de torque, com gasolina e etanol, respectivamente. Assim, a grande atração do trem de força da versão XEi é mesmo a transmissão CVT Multi Drive – que substituiu a anacrônico câmbio automático do modelo anterior, de quatro relações. O novo sistema de transmissão continuamente variável tem um software de gerenciamento que simula sete marchas. E ainda há opção de fazer as trocas manuais sequenciais, por meio de “borboletas” atrás volante. Uma novidade que reforça a conclusão que o novo Corolla ainda pode ser o dono da razão – mas definitivamente ganhou um toque a mais de emoção.

Traseira do Novo Corolla

Ponto a ponto

Desempenho – Com algumas melhorias, o motor 2.0 flex é o mesmo de outrora. E aliado à antiga transmissão automática de quatro marchas, o Corolla era um carro um tanto apático. Agora com o câmbio CVT Multi Drive, que traz um software de gerenciamento que simula sete velocidades e ainda vem com as bem-vindas borboletas atrás do volante, o sedã da Toyota ficou mais “esperto”. No modelo atual, é possível aproveitar, de forma instigante, o que os 154 cv de potência e os 20,3 kgfm têm a oferecer. As trocas feitas pelos paddle-shifts são ágeis e até divertidas. Nota 8.

Estabilidade – O Corolla está mais “grudado” ao chão. Isso pode ser explicado, principalmente, pelo aumento da rigidez da plataforma. O sedã passa segurança a quem está no volante apesar da falta de controles eletrônicos e da simplória suspensão traseira com eixo de torção ser mantida. As rolagens da carroceria estão mais controladas, mas o Corolla não foi feito para ser guiado com pressa. O conforto ainda é prioridade e o acerto macio da suspensão comprova a tese. Na traseira, o novo Corolla opta por um básico eixo de torção, sem os braços múltiplos habituais na concorrência. A direção tem o peso correto mesmo em velocidades mais elevadas. Nota 8.

Interatividade – O motorista alcança os comandos mais importantes sem dificuldade. O volante tem ótima pegada e os mostradores do painel de instrumentos também são bem legíveis, além da cor azul de fundo dar um toque sofisticado. Mas a grande atração da versão XEi é o sistema multimídia com tela de 6,1 polegadas. Ele agrega navegação, câmera de ré, entradas USB e para iPod, Bluetooth, DVD e até TV digital. O único problema é um pequeno “delay” entre um toque na tela e a efetiva execução da função. Nota 7.

Consumo – Testada pelo Programa de Etiquetagem Veicular do InMetro, a versão XEi 2.0 flex do Toyota Corolla registrou médias de 10,6 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada, com gasolina, e 7,3 km/l na cidade e 9,1 km/l na estrada, quando abastecido com etanol. Os números renderam nota “A” em relação à categoria e “B” no geral. Nota 8.

Conforto – O Corolla vai muito bem nesse aspecto. O ganho nas dimensões propiciam mais espaço para os ocupantes – principalmente atrás. E, apesar de estar 0,5 cm mais baixo, pessoas com estaturas mais avantajadas não sofrem. Os buracos das ruas são bem filtrados pela suspensão e evitam maiores problemas para os passageiros. O isolamento acústico é outro ponto positivo. Nota 9.

Interior do Novo Corolla

Tecnologia – Com exceção do motor, tudo é novo na 11ª geração do Corolla. A plataforma é de 2013 e permitiu ao sedã crescer e tirar a defasagem em relação à dimensão dos concorrentes. O obsoleto câmbio de quatro marchas deu lugar a um moderno CVT com simulação de sete relações – o que deu outra “pegada” ao carro. Quanto aos equipamentos, a versão XEi é bem completa. Além do sistema de entretenimento com tela sensível ao toque e GPS, câmera de ré e TV digital, vem com volante multifuncional, computador de bordo, Eco Drive – um lúdico sinal verde que avisa se o motorista está dirigindo eficientemente – e airbags frontais, laterais nos bancos dianteiros e um para os joelhos do motorista. Nota 8.

Habitabilidade – O acesso ao interior do novo Corolla é fácil. As portas são amplas e possuem um bom ângulo de abertura. O sedã não dispõe de porta-objetos em abundância. Há apenas um porta-copos no console central que vira nicho para carteiras, chaves e celulares, além dos bolsões nas portas. Para objetos mais robustos, há um espaço maior no compartimento embaixo do apoio de braço do motorista. O porta-malas continua a oferecer bons 470 litros. Nota 8.

Acabamento – Além do visual, o acabamento foi o ponto que mais evoluiu no Corolla. A boa escolha dos materiais usados no habitáculo da versão intermediária XEi, aliada à impecável montagem das peças, transmite a impressão de qualidade. O volante em couro preto com costuras aparentes também contribui para essa sensação. Nota 9.

Design – A Toyota escolheu para o Brasil o Corolla europeu, de estilo mais conservador que o norte-americano. Mas isso não é um mau sinal. O visual traz a nova linguagem de design da marca japonesa, com a nova grade aliada aos faróis, perfil esportivo e desenho das lanternas inegavelmente oriental. Somente as rodas de 16 polegadas parecem pequenas demais para o novo Corolla mais “parrudo”. Um aro 17 cairia bem. O clássico ar de “tiozão” ainda está lá, mas o Corolla com certeza rejuvenesceu. Por dentro, só o que contrasta com o moderno interior é o relógio digital quase “vintage”, do lado direito das saídas de ar centrais. Seria melhor esteticamente incorporá-lo ao computador de bordo ou à central multimídia. Nota 7.

Custo/benefício – A versão XEi ocupa um lugar intermediário na gama do novo Corolla e a Toyota cobra R$ 79.990 pelo modelo. O principal rival Honda Civic – na sua configuração também intermediária LXR – custa atualmente R$ 74.490, mas com equipamentos inferiores.. Porém, a Honda prepara um face-lift do Civic no meio ano e, provavelmente, um reajuste na tabela acompanhará a discreta atualização no visual. Terceiro colocado no ranking de vendas de sedãs médios em abril, o Nissan Sentra custa R$ 75.490 em sua versão topo SL. O sedã mexicano deixou para traz o Chevrolet Cruze, que na versão LT 1.8 parte de R$ 72.090. Já a Ford pede R$ 76.790 pelo Focus SE 2.0 Power Shift, que chega da Argentina com motor de 178 cv, câmbio de duas embreagens, além de controles eletrônicos de estabilidade e tração. No caso do Citroën C4 Lounge, também argentino, o preço fica em R$ 75.490 na versão Exclusive. Nota 6.

Total – O Toyota Corolla XEi somou 78 pontos em 100 possíveis.

Visão lateral do Novo Corolla

Impressões ao dirigir

Ao vivo, o novo Corolla impressiona mais do que nas fotos. As novas linhas não chegam a ser “ousadas”, mas conferem ao sedã um aspecto mais jovial. A reestilização também renova o fôlego do modelo para tentar retomar a liderança do segmento. Além do  desenho, outro ponto a ser destacado no mais novo Toyota é a transmissão. Saiu de cena o antiquado câmbio automático de quatro marchas para dar lugar a um moderno CVT com sete relações pré-determinadas quando no modo “Drive”. A transmissão continuamente variável deu um caráter mais dinâmico ao sedã. Ainda mais quando o motorista efetua as mudanças por meio das aletas atrás do volante. Com trocas bem ágeis, fica divertido dirigir o sedã. 

As arrancadas e as retomadas estão mais robustas. A transmissão permite extrair o melhor do manjado 2.0 litros flex de 154 cv e aproveitar bastante os bons 20,3 kgfm de torque – sempre com etanol. Além de contribuir para um habitáculo com menos ruído – já que a emulação de relações não permite o motor girar tão alto. Vale lembrar que as relações não são fixas. Em “Drive”, o câmbio analisa o modo de direção e executa as trocas no momentos ideais. Em termos de performance, o novo Corolla precisa de 9,6 segundos para atingir os 100 km/h – o Civic 2.0 faz em 10,6 segundos. 

O que também deixa boa impressão é o habitáculo. A atmosfera está mais requintada com boa dose de materiais macios. Bancos e painéis das portas ainda possuem um tom que difere do preto predominante. Tudo para dar um ar mais premium ao modelo. Já o painel central tem detalhes em preto metálico. Tudo bem encaixado e sem rebarbas aparentes. O volante multifuncional tem um exagero de botões, mas rapidamente o condutor se adequa e aperta o comando desejado sem tirar os olhos da estrada. Uma tentação, já que, para tentar assumir a liderança do segmento de sedãs médios, a Toyota “apelou” para a tecnologia a bordo. A versão XEi é bem recheada e traz até TV digital. A Toyota só podia ter dado mais um pouco de atenção à interface. O sistema multimídia mostra uma certa lentidão no processamento das informações. Mas é bem preciso – aliás, como é o Corolla como um todo.

Detalhe da lanterna traseira

Ficha técnica

Toyota Corolla XEi

MotorEtanol e gasolina, dianteiro, transversal, 1.986 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote e duplo comando variável de válvulas. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial
TransmissãoAutomática do tipo CVT com sete relações pré-determinadas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não possui controle de tração
Potência máxima154 cv e 143 cv com etanol e gasolina
Torque máximo20,3 kgfm a 4.800 rpm com etanol e 19,4 kgfm a 4 mil rpm com gasolina
Aceleração de 0 a 100 km/hNão divulgado
Velocidade máximaNão divulgado
Diâmetro e curso80,5 mm X 97,6 mm
Taxa de compressão12,0:1
SuspensãoDianteira independente do tipo McPherson com molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira com eixo de torção e barra estabilizadora. Não oferece controle eletrônico de estabilidade
Pneus205/55 R16
FreiosDiscos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD de série
CarroceriaSedã em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,62 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,47 m de altura e 2,70 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de joelho do motorista de série
Peso bruto1.695 kg
Capacidade do porta-malas470 litros
Tanque de combustível60 litros
ProduçãoIndaiatuba, São Paulo, Brasil
Lançamento mundial2013. Lançamento no Brasil: 2014
Itens de sériePaddle-shifts, direção elétrica, dois airbags frontais, dois airbags laterais nos bancos dianteiros e um de joelho para o motorista, bancos de couro cinza com ajuste de altura para motorista, banco traseiro bipartido 60:40 com descansa-braços central e porta-copos, coluna de direção com regulagem manual de altura e profundidade, computador de bordo, controle de cruzeiro, descansa-braços dianteiro central com dois compartimentos, retrovisor elétrico, volante multifuncional, Isofix, vidros elétricos com acionamento por um toque e sistema antiesmagamento, câmera de ré, chave canivete com comandos integrados, painel de instrumentos com dois indicadores analógicos combinados com tela de TFT central digital, sistema multimídia com tela de 6,1 polegadas, DVD, CD-R/RW, MP3, WMA, rádio AM/FM, GPS integrado, TV Digital, seis alto-falantes, entradas USB e auxiliar e Bluetooth
PreçoR$ 79.990

Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias