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A Volkswagen encara o Up como o “Fusca do terceiro milênio”. Tanto que a fabricante alemã chegou a anunciá-lo como seu principal lançamento do século. No Brasil,  pelo menos por enquanto, o subcompacto não mostrou toda esta “pegada”. Os números vêm rondando as 5 mil vendas mensais, metade das 120 mil unidades anuais planejadas. Racionalmente, difícil explicar esta performance. O compacto é moderno, tem espaço interno correto para a categoria e pode receber equipamentos muito interessantes. A versão intermediária Move, por exemplo, adiciona opcionalmente direção elétrica, sensores, GPS, etc. Mas é nesse processo de complementação de recursos que a coisa desanda. De série, a versão só traz de relevante a mais que a básica Take, computador de bordo e rodas de 14 polegadas, ao preço de R$ 28.890 com duas portas. A versão quatro portas com ar, direção e travas passa dos R$ 36 mil. Completo, com tudo que tem direito, vai a redondos R$ 41.500.

Por mais moderno que seja, dentro da própria concessionária Volkswagen em que o Up está exposto é possível fechar um negócio mais atraente. Pelo menos aparentemente. Isso porque as melhores qualidades do Up não são muito explícitas. Ele vem sendo apontado em testes de impacto como o compacto mais seguro do país e o motor 1.0 de três cilindros também é um ponto forte, pela eficiência de rendimento e de consumo. Justificativas pragmáticas estas, porém, são pouco efetivas em um mercado tão explorado por apelos emocionais.

Visão lateral do Volkswagen up!

Além disso, o preço alto do Volkswagen Up o coloca em confronto com modelos bem fortes. Na versão mais simples, a Take, ele bate de frente com todos os carros de entrada, incluindo os bem-sucedidos Volkswagen Gol e Fiat Palio e Uno, além de Ford Fiesta Rocam, Chevrolet Celta, Renault Clio, Nissan March e Peugeot 207. Sem contar que, em breve, deve ser afetado pelo lançamento do novo Ford Ka – que também terá motor de três cilindros, como o do Up e o Hyundai HB20. Além disso, equipado e com alguns itens de conforto, o carro alcança valores próximos aos de modelos como o Renault Sandero, Toyota Etios, Nissan novo March e Chevrolet Onix

Fabricado em Taubaté, em São Paulo, o Up tem seu maior trunfo localizado sob o capô. Com três cilindros, seu motor estreou no país no Fox Bluemotion. O propulsor foi lançado em 2012, junto com o próprio Up, na Europa. Integrante da linha EA211 – mesma do 1.4 TSI turbinado usado na sétima geração do Golf – ele rende 76/82 cv a 6.250 rotações e 9,7/10,4 kgfm de torque aos 3 mil giros, quando abastecido com gasolina e etanol, respectivamente. Com câmbio manual de cinco marchas, o conjunto leva o “carrinho” de zero a 100 km/h em 12,4 segundos e atinge velocidade máxima de 165 km/h com etanol no tanque. E já existe a opção de transmissão automatizada de cinco velocidades, a i-Motion. Uma novidade que o deixa na posição de o mais barato modelo com câmbio automatizado no Brasil, a partir de R$ 30.990. O que, por um lado, aumenta o poder de atração do modelo. Mas, por outro, dificulta mais um pouco a montar uma equação bem-sucedida entre preço e conteúdo.

Volkswagen up! Move up!

Ponto a ponto

Desempenho – O motor três cilindros empurra o Volkswagen Up com desenvoltura. E até parece ter mais que os 82 cv indicados na ficha técnica, com etanol no tanque. Isso se explica por seus lépidos 910 quilos e pelo bom torque máximo de 10,4 kgfm já disponível a 3 mil rpm. Ultrapassagens e retomadas são feitas sem grandes problemas e o câmbio manual de cinco velocidades tem engates rápidos e precisos. Nota 8.

Estabilidade – O Up não é um esportivo, mas mantém as quatro rodas bem presas ao chão, mesmo em curvas mais fechadas. As rolagens de carroceria são quase imperceptíveis e a suspensão transmite segurança tanto em trajetos urbanos quanto em rodovias. Nota 8.

Interatividade – O painel do Up é bem simples, com poucos comandos. E todos estão bem à mão do condutor. O computador de bordo auxilia a manter uma direção mais econômica, com o indicador de troca de marchas. Por outro lado, o visor no painel, é pequeno. As saídas de ventilação, porém, são pouco adequadas para um país quente. Apenas as laterais, próximas à porta, são destinadas aos ocupantes. A saída central é direcionada apenas para o para-brisa. Nota 7.

Consumo – O Programa de Etiquetagem do InMetro registrou 9,1 km/l e 9,9 km/l com etanol e 13,2 km/l e 14,3 km/l com gasolina, respectivamente nos ciclos urbano e rodoviário. Os números renderam nota “A” ao Up, tanto no segmento quanto no geral. Seu índice de consumo energético, semelhante ao do Nissan March, só fica atrás de Renault Clio e de modelos híbridos, como o Toyota Prius e Ford Fusion. Nota 9.

Conforto – O Up é um carro “altinho”. Ou seja, ocupantes com estatura avantajada sofrem bem menos do que na maioria dos compactos. A suspensão é firme a ponto de não absorver boa parte dos impactos causados pelos desníveis nas ruas brasileiras. O espaço interno é bom, fazendo com que quatro passageiros consigam viajar sem apertos. Já o isolamento acústico deixa a desejar quando seu motor trabalha em rotações altas. Os bancos dianteiros são pouco confortáveis e cansam em trajetos longos. E os vidros traseiros não recebem elevadores elétricos de fábrica em nenhuma hipótese. Nota 7.

Interior do Volkswagen up!

Tecnologia – A plataforma é a PQ12 – ou NFS, de New Small Family. Trata-se de uma das mais modernas do Grupo Volkswagen, com boa rigidez torcional e excelente programação de áreas de deformação – exatamente por isso ganhou nota máxima em testes de impacto. O motor três cilindros de 1.0 litro também é moderno, além de potente e econômico. De série, o Up é muito mal equipado, mas opcionalmente pode receber itens bem sofisticados, como o sistema multimídia com GPS. Nota 9.

Habitabilidade – Há espaço para garrafas e outras coisas nos bolsões das portas e dois porta-copos, um à frente e outro atrás. Há também, na parte central, um nicho para objetos de uso rápido como carteira, celular e chaves. O porta-malas leva bons 285 litros e tem, na versão Move, uma prático fundo elevado, que facilita o acesso à bagagem. Nota 8.

Acabamento – Há plásticos por toda a parte, mas de qualidade razoável. Não há folgas aparentes nos encaixes. Mas não são materiais de toque agradável e a simplicidade desequilibra com o design moderno e, principalmente, o preço. Nota 6.

Design – Os traços modernos e a ausência de grade dianteira dão personalidade ao Up. A traseira com para-choque robusto disfarça o tamanho compacto do carro e as lanternas verticalizadas acentuam sua boa altura. Foge do monótono “family face” da Volkswagen. Não chega a ser, no entanto, um design muito atraente ou surpreendente. É, no máximo, uma versão germânica de visual descontraído. Nota 6.

Custo/benefício – A Volkswagen cobra caro pela versão Move do Up. Inicialmente, custa R$ 28.890 ou R$ 30.890, nas versões duas e quatro portas. Para ser habitável mas sem luxos, com ar, direção e travas, vai a R$ 36 mil. Neste ponto, ele fica pelo menos 10% acima de outros compactos de entrada, seus rivais diretos. Completo, vai a R$ 41.500, o que o deixa mais caro que modelos do segmento logo acima, como Fiat novo Palio, que ainda tem volante multifuncional e vidros elétricos traseiros R$ 40.374, Chevrolet Onix LT, que fica em R$ 40.496, ou Hyundai HB20 1.0 Comfort Style, que custa R$ 40.900. Nota 5.

Total – O Volkswagen Move Up somou 73 pontos em 100 possíveis.

Volkswagen up! Move up!

Impressões ao dirigir

Com interior excessivamente simples, o Up tem comandos intuitivos e de muito fácil acesso. O espaço para motorista e carona são honestos e a posição de dirigir é correta. O sistema opcional de informação e entretenimento, disponível na versão testada, é eficiente e facilita a leitura dos dados do computador de bordo, já que o visor do painel central é pequeno demais.

De longe, o melhor do Up é seu motor de três cilindros. Valente o suficiente para que se esqueça se tratar de um 1.0 litro, dificilmente decepciona. Ele propicia ultrapassagens, retomadas e até subidas de ladeiras com bem mais vigor do que se espera de um 1.0. Com o câmbio manual de cinco marchas, as trocas são precisas e trabalham em bastante sintonia com o propulsor. 

Por fora, o Up pode até transmitir certa fragilidade. Mas posto à prova, o subcompacto enfrenta curvas em velocidades altas com equilíbrio e suavidade. A sensação de segurança é constante e, dentro de suas possibilidades, sua leveza e bom desempenho até instigam o motorista a pisar mais no acelerador. A suspensão é a típica da Volkswagen, firme e eficiente. Mas com uma absorção de impactos que deixa um pouco a desejar. Encarar a buraqueira das ruas brasileiras com ele resulta em certo desconforto.

Assim como acontece na suspensão, falta uma certa adaptação do Up aos trópicos. A saída de ar condicionado central é direcionada apenas para o pára-brisa, como sistema de desembaçamento. Para os ocupantes sobram apenas as saídas laterais – absolutamente insuficientes para refrescar rapidamente em um dia de calor senegalês. Mas o sistema é eficiente e é capaz de refrigerar completamente a pequena cabine. Para os passageiros de trás é garantido um espaço que pode ser considerado satisfatório, mas sem sobras. Até o porta-malas, de 285 litros, facilita a vida do motorista desde em uma viagem de final de semana até na hora de fazer uma grande compra no supermercado.

De qualquer forma, para um carro pequeno, que equipado sem firulas beira os R$ 40 mil, o custo/benefício não é dos melhores. Até o som do carro decepciona. Isso porque ao se optar pelo sistema “Maps & More”, perde-se a entrada USB. Ou seja, é preciso escolher entre ouvir suas músicas por um pen drive ou a leitura mais fácil e eficiente dos dados de computador de bordo e a comodidade do GPS. Se bem que, no caso do Up, seu navegador não é lá dos mais simples de operar. Um traço que não combina com a ideia de diversão que a Volkswagen tenta vender no carro.

Traseira do Volkswagen up!

Ficha técnica

Volkswagen Move up!

MotorEtanol e gasolina, dianteiro, transversal, 999 cm³, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando simples no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Injeção multiponto sequencial e acelerador eletrônico
TransmissãoCâmbio manual ou automatizado com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira
Potência máxima82 e 75 cv a 6.250 rpm com etanol e gasolina
Torque máximo10,4 e 9,7 kgfm a 3 mil rpm com etanol e gasolina
Aceleração de 0 a 100 km/h12,4 e 12,6 segundos com etanol e gasolina
Velocidade máxima165 e 163 km/h com etanol e gasolina
Diâmetro e curso74,5 mm X 76,4 mm
Taxa de compressão11,5:1
SuspensãoDianteira independente do tipo McPherson, com braços triangulares transversais, molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção, com braços longitudinais, molas helicoidais e amortecedores telescópicos hidráulicos. Não oferece controle eletrônico de estabilidade
Pneus175/70 R14
CarroceriaHatch compacto em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 3,60 metros de comprimento, 1,64 m de largura, 1,50 m de altura e 2,42 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série
Capacidade do porta-malas285 litros
ProduçãoTaubaté, Brasil
Lançamento mundial2011
Lançamento no Brasil2014
Itens de sérieairbags frontais, freios ABS, fixação Isofix para cadeirinhas infantis, espelhos externos com comando interno manual, lavador, limpador e desembaçador traseiro, computador de bordo, apoio de cabeça central traseiro, divisória móvel no porta-malas, rodas de aço de 14 polegadas
PreçoR$ 28.890 (duas portas) e R$ 30.890 (quatro portas)
Preço da versão testadaR$ 39.246
Preço completoR$ 39.500 (duas portas) e R$ 41.500 (quatro portas)

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias