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Ao criar a TrailBlazer, em dezembro do ano passado, a Chevrolet queria voltar à briga dos utilitários esportivos médio-grandes. Mas, além da líder de vendas Toyota Hilux SW4, a marca norte-americana ainda encontrou no segmento outros rivais de preço e proposta semelhantes, como o Mitsubishi Pajero Dakar, Jeep Grand Cherokee e até modelos menores, como o Land Rover Freelander. As vendas não andavam muito animadas até setembro – menos de 200 unidades mensais –, quando a derivação SUV da S10 passou a ser equipada com o novo motor diesel desenvolvido para a picape, que ganhou mais potência e torque na linha 2014. A novidade “emprestada” ajudou a embalar as vendas da TrailBlazer, que cresceram mais de 50%. 

Beneficiada pela “economia de escala” que lhe deu o motor que foi renovado para a S10 – que vende mais de 4.500 unidades mensais e lidera com folgas o segmento de picapes médias –, a TrailBlazer tem no novo propulsor a maior novidade em sua linha 2014. A Chevrolet mudou o coletor de admissão do motor quatro cilindros 2.8 turbo com intercooler, e ainda fez alterações nos mapas de injeção, instalou novos pistões e recalibrou o sistema de recirculação de gases para mais eficiência. O resultado são os 200 cv e 50,1 kgfm de torque a 2 mil rpm – 20 cv e 2,2 kgfm a mais nas medidas em relação ao motor anterior. O câmbio é o mesmo automático de seis marchas – único disponível para o utilitário –, que também recebeu sutis mudanças no sistema de gerenciamento, para lidar melhor com a força extra. Segundo a Chevrolet, o desempenho se manteve quase inalterado, com a aceleração de zero a 100 km/h cumprida em 10,3 segundos – número digno de automóvel de passeio. A velocidade máxima é limitada nos 180 km/h.

O visual é o mesmo, com linhas imponentes. No entanto, o desenho é bastante harmônico e discreto, com um perfil mais atlético do que as dimensões “grandalhonas” sugerem. São 4,87 m de comprimento, 1,90 m de largura e 1,84 m de altura, que ajudam a conferir presença ao conjunto. A frente é a mesma da picape, mas o perfil definitivamente mostra um projeto próprio, com linha de cintura mais ascendente que na caminhonete, que forma uma grossa terceira coluna. A traseira tem formas tradicionais, com lanternas algo pequenas e horizontais, mas elegantes. Por se tratar da versão de acabamento “top” LTZ, a única disponível na TrailBlazer, há alguns cromados espalhados com bom gosto pela carroceria. 

O interior também é igual ao da S10, mas o revestimento em tom mais claro da TrailBlazer dá um toque mais sofisticado para o utilitário. Há espaço para sete ocupantes, que viajam em três fileiras de bancos, sempre revestidos em couro. A lista de equipamentos é farta, com ajustes elétricos para o banco do motorista, ar-condicionado automático – com direito a uma unidade exclusiva para os bancos de trás –, trio elétrico, seis airbags e o MyLink, a outra novidade da gama. O sistema é o mesmo usado nos modelos menores da Chevrolet. Mas, diferentemente deles, o aparelho da TrailBlazer aceita CDs e DVDs, além de ter GPS e câmera de ré integrados. A interface também é ligeiramente diferente. 

A Chevrolet adota uma política de preços no mínimo interessante para o modelo. No lançamento, no final de 2012, o utilitário custava, na versão com motor diesel, elevados R$ 175.450, valor que caiu para menos de R$ 160 mil no início desse ano e foi reajustado para os R$ 162.890 cobrados atualmente pela marca. São exatos R$ 28.590 a mais pelo motor diesel – a TrailBlazer com motor V6 a gasolina custa R$ 136.300, também com tração 4X4 e câmbio automático. É certo que esse tipo de motor é mais caro, mas o enorme degrau pode dificultar a escolha pela versão diesel, que empata em volume de vendas com a versão movida a gasolina. A distância entre os preços das duas, pelo menos, é menor que a cobrada pela Toyota, cujas versões flex da SW4 são cerca de R$ 40 mil mais baratas – ainda que equipadas com um quatro cilindros. O que não impede que a versão diesel seja responsável por 80% das vendas da SW4. Em outubro, a SUV da Toyota teve 1.225 unidades comercializadas – o quádruplo das vendas da TrailBlazer, que ficou em 309 unidades.

Nova Chevrolet TrailBlazer

Ponto a ponto

Desempenho – Definitivamente, a TrailBlazer não decepciona. Os 200 cv e “parrudos” 50,1 kgfm do 2.8 diesel são bem suficientes para empurrar os 2.157 kg do utilitário com disposição surpreendente. As acelerações são consistentes e não há necessidade de “esgoelar” o propulsor para fazer o modelo andar. O câmbio de seis marchas faz boa ponte entre motorista e motor, com trocas suaves e precisão nas escolhas de marchas. A boa marca de 10,3 segundos para acelerar de zero a 100 km/h indica o potencial do conjunto. Nota 8.

Estabilidade – A direção com relação desmultiplicada, a altura da carroceria e a suspensão algo macia definitivamente são contra-indicativos para uma condução muito entusiasmada. A TrailBlazer não passa insegurança, mas sempre parece prudente respeitar os limites de um utilitário com 1,84 m de altura. Em curvas mais fechadas, o modelo inclina e eventualmente tende a sair de frente, com rápida ação do controle de estabilidade para evitar sustos. Nota 7.

Interatividade – Para a linha 2014, uma das novidades é a introdução do MyLink no utilitário. A tela sensível ao toque tem uso fácil e boa conectividade com celulares e outros periféricos. Outros comandos, como vidros e ar-condicionado são bem posicionados e têm botões grandes. O cluster de instrumentos, inspirado na primeira fase do esportivo Camaro, no entanto, merece uma escala mais legível. A visibilidade é boa para todos os lados e a câmera de ré é quase fundamental na hora de estacionar. Nota 8.

Consumo – O InMetro não testou nenhuma unidade da Chevrolet TrailBlazer. No entanto, o computador de bordo da unidade avaliada acusou 8,6 km/l de diesel em circuito misto. Nota 7.

Conforto – As dimensões avantajadas do utilitário abrem bastante espaço no interior. Os sete ocupantes previstos viajam sem apertos e há possibilidade de reclinar o encosto também dos da segunda fileira. O isolamento acústico é eficiente em velocidade de cruzeiro, mas o motor é bastante audível em trecho urbano. Os bancos têm espuma com densidade correta e ajudam a amenizar os eventuais sacolejos proporcionados pela suspensão, macia, mas que repassa imperfeições sem muita cerimônia ao interior. Nota 7.

Interior da TrailBlazer

Tecnologia – A TrailBlazer é um projeto relativamente recente. Ela foi desenvolvida no Brasil, junto com a picape S10 apresentada em 2011, e lançada no Brasil em 2012. O motor diesel, também novo e desenvolvido pela própria Chevrolet, já passou por uma atualização eletrônica para incorporar mais torque e potência. O interior é simples, mas o sistema multimídia MyLink chama atenção. Nota 8.

Habitabilidade – Mesmo alta, a cabine tem acesso facilitado pelas portas grandes e com bom ângulo de abertura. Além disso, o largo estribo lateral ajuda bastante. A cabine é bem pensada, com grandes porta-garrafas nos bolsões das quatro portas. O porta-malas leva parcos 235 litros com a terceira fileira de bancos ereta, mas chega a generosos 1.800 litros com todos os bancos de trás abaixados. Nota 8.

Acabamento – Oriunda de uma linhagem de picapes, voltadas para trabalhos mais pesados, o acabamento da TraiBlazer é simples demais, principalmente se levado em consideração o preço acima dos R$ 160 mil. Encaixes e finalizações até são corretos, sem rebarbas visíveis. Porém, o plástico que reveste o painel merecia dar lugar a  um material de melhor aspecto, já que é rígido e sua textura lisa não denota qualquer requinte. Mas o couro dos bancos é decente e há superfícies emborrachadas nos apóia-braços das portas. Nota 6.

Design – A Chevrolet conseguiu um resultado interessante na TrailBlazer. O modelo tem proporções corretas e linhas discretas – apesar do tamanho chamar atenção na rua. A frente tem traços elaborados, com a grade dominando a dianteira. Os faróis são pequenos, mas adornam bem o conjunto. As rodas grandes, de 18 polegadas, balanceiam o perfil e preenchem bem as grandes caixas de roda. Atrás, também lanternas menores, com arranjo interno que imitam leds. Nota 8.

Custo/benefício – A TrailBlazer insere a Chevrolet no segmento dominado pela Toyota Hilux SW4. Só que, pelos R$ 162.830 pedidos pela marca da gravata para a versão diesel, ela é sensivelmente mais barata que a SW4 equivalente, a SRV com sete lugares, de elevados R$ 185.800. Além delas, há a Mitsubishi Pajero Dakar HPE, que custa R$ 159.990, também no pacote topo de linha. Um Jeep Grand Cherokee Laredo, com cinco lugares, sai por R$ 159.900, enquanto um Land Rover Freelander com motor diesel é menor, mas traz a grife inglesa por R$ 199.900. Enquanto isso, um Ford Edge com tração integral não sai por menos de R$ 149.990. Nenhuma das opções é propriamente barata, mas a Chevrolet tem a seu favor a qualidade construtiva, um bom espaço interno e o visual acertado, num conjunto bastante competente. Nota 6.

Total – A Chevrolet TrailBlazer LTZ 2.8 CTDI somou 73 pontos em 100 possíveis.

Detalhe do Farol

Impressões ao dirigir

Desde o instante em que o motorista, literalmente, “sobe” na TrailBlazer, a posição alta de dirigir domina a convivência com o modelo. A visão para todos os lados é facilitada pela boa área envidraçada, com poucos pontos cegos, apesar do tamanho. As dimensões avantajadas do utilitário fazem dele um verdadeiro “ponto de referência” nas ruas – e principalmente em estacionamentos –, mas também passa bastante sensação de segurança ao volante. A direção é menos direta que a de um carro de passeio, mas ainda assim garante controle às reações do carro, que responde bem a mudanças de trajetória – desde que não muito bruscas. 

No entanto, o destaque é o motor diesel de 2.8 litros CTDI, com seus 200 cv e saudáveis 50,1 kgfm de torque. Seu vigor aparece por completo já a 2 mil rotações e dá agilidade surpreendente às mais de duas toneladas da TrailBlazer. Há uma certa hesitação inicial nas acelerações, mas ultrapassadas as 1.500 rotações, boa parte do abundante torque já surge e o SUV arranca com decisão. O câmbio automático de seis marchas é bem casado com o propulsor, tem trocas suaves e relações bem longas, que aproveitam bem a força desenvolvida – tanto que a transmissão só usa a sexta marcha em velocidades acima dos 90 km/h, e ainda impede seu engate pelas trocas manuais antes desse regime. 

Uma das novidades para a linha 2014, o MyLink instalado no modelo é bem completo e fácil de usar. Com interface ligeiramente diferente dos aparelhos usados pela gama de passeio da marca, ele traz navegador por GPS e câmera de ré integrados, e ainda lê pen-drives e telefones via Bluetooth. O interior é bem acabado, ainda que o extenso uso de plástico rígido denuncie a vocação “trabalhadora” da gama S10 e da TrailBlazer. O revestimento em couro creme ajuda a iluminar o ambiente e dar um ar mais sofisticado, diferentemente do escuro utilizado na picape. Além disso, há espaço de sobra para os sete ocupantes. Mesmo os da última fileira dispõem de espaço digno para viagens rápidas.

Visão da traseira da Chevrolet TrailBlazer

Ficha técnica

Chevrolet TrailBlazer LTZ 2.8 CTDI

MotorDiesel, dianteiro, longitudinal, 2.776 cm³, turbo com intercooler, com quatro cilindros em linha e 16 válvulas. Injeção direta eletrônica
TransmissãoCâmbio automático de seis marchas à frente e uma atrás. Possui controle de tração. Tração integral com seletor eletrônico rotatório
Potência máxima200 cv a 3.600 rpm
Aceleração 0-100 km/h10,3 segundos
Velocidade máxima180 km/h
Torque máximo50,1 kgfm à 2 mil rpm
Diâmetro e curso94,0 mm X 100,0 mm. Taxa de compressão: 16,5:1
SuspensãoDianteira independente com braços articulados, molas helicoidais, barra estabilizadora e amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados. Traseira do tipo multilink, com molas helicoidais, barra estabilizadora e amortecedores hidráulicos pressurizados. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série
Pneus265/60 R18
FreiosDiscos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS com EBD
CarroceriaUtilitário esportivo montado em longarinas, com quatro portas e sete lugares. Com 4,88 metros de comprimento, 1,90 m de largura, 1,84 m de altura e 2,85 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais e de cortina de série
Peso2.157 kg
Altura mínima do solo23,2 cm
Ângulo de ataque32º
Ângulo de saída21º
Capacidade do porta-malasde 235 a 1.830 litros
Tanque de combustível76 litros
ProduçãoSão Caetano do Sul, São Paulo
Lançamento2012. Atualização: 2013
Itens de sérieAirbags frontais, laterais e de cortina, ar-condicinado automático com saída para a parte traseira, assistente de partida em aclive, banco do motorista com ajustes elétricos, chave canivete, computador de bordo, controle de velocidade em declive, controle de estabilidade e tração, espelho interno eletrocrômico, faróis de neblina, ABS com EBD, bancos em couro, lanternas em leds, rodas de alumínio de 18 polegadas, sensor de estacionamento traseiro com câmera de ré, trio elétrico, rádio/CD/MP3/Bluetooth/AUX/USB e volante multifuncional
PreçoR$ 162.890

Autor: Igor Macário (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias