O Fiat Mobi é um carro que, a cada mudança promovida ou versão lançada, reforça sua imagem de veículo urbano. Conta aí o tamanho reduzido, os motores econômicos e até a variante Way, que encara com mais facilidade quebra-molas e desníveis de solo que costumam pegar os condutores das cidades mais desprevenidos que os de zonas menores ou rurais. A linha 2018 do modelo reforçou ainda mais essa condição com a chegada do câmbio automatizado GSR, disponível apenas na configuração Drive e que já é o carro mais barato do país sem o pedal de embreagem, com preço inicial de R$ 44.780 – são R$ 4.130 cobrados a mais pela transmissão nova.
O subcompacto marca a estreia da Fiat no Brasil nesse mercado de modelos 1.0 sem o pedal da embreagem. E, assim como já usado no Fiat Uno 1.3, o câmbio é acionado por botões localizados no console central – com trocas manuais possíveis nas aletas atrás do volante. Há ainda função Sport, que entrega uma condução mais esportiva – e consequentemente, menos econômica.
A marca italiana promete algumas vantagens para o carro com a adoção da novidade. Caso da função creeping, que faz o carro se movimentar levemente para frente quando o pé é retirado do freio em rampas de até 8% de inclinação. Um sistema batizado de Auto-up Shift Abort também favorece a segurança, já que identifica uma retomada de velocidade emergencial e estica mais as marchas, mantendo o motor em rotações elevadas e, com isso, deixando mais potência disponível.
O novo motor Firefly 1.0 de três cilindros adota a arquitetura de duas válvulas por cilindro, com geometria do conjunto otimizada. Construído em Betim, região metropolitana da capital mineira, o propulsor foi planejado para priorizar a economia de combustível. Para isso, a Fiat instalou um mecanismo variador de fase, que altera o tempo de abertura e fechamento das válvulas. Ele é controlado eletronicamente e fica instalado na ponta do eixo do comando simples do cabeçote.
A lista de itens de série engloba display digital de 3,5 polegadas, brake light, sinalização de frenagem de emergência, os sempre desejáveis ar-condicionado, direção elétrica, computador de bordo, vidros elétricos dianteiros, trava elétrica nas portas e volante com regulagem de altura, além de sistema de partida a frio que dispensa o antiquado tanquinho extra de gasolina.
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 1.0 6V de 72/77 cv e torque de 10,4/10,9 kgfm com gasolina/etanol move o Mobi Drive com boa agilidade, mesmo com o torque máximo aparecendo apenas em 3.250 giros. A transmissão automatizada, no entanto, traz trocas um tanto incômodas quando não tem muita intimidade com o carro. É preciso estar sempre prevendo o momento da mudança de marcha para aliviar o pé no acelerador e, assim, não dar um “tranco”. É no modo manual que o subcompacto se apresenta de forma mais vigorosa, com trocas realizadas por aletas atrás do volante. Nota 7.
Estabilidade – As rolagens de carroceria aparecem sem cerimônia em curvas mais acentuadas e velocidades exageradas, mas não se trata de um modelo esportivo. Convém não abusar muito, mas também não chega a haver uma sensação de insegurança aparente quando se está na direção do Mobi Drive GSR. Nota 7.
Interatividade – O Mobi tem poucos comandos e todos de leitura fácil e uso intuitivo. O computador de bordo é eficiente e a visibilidade é boa tanto atrás quanto à frente. O câmbio automatizado é um conforto inegável. Mas, na hora de estacionar, há uma decepção: a função creeping não é tão rápida quanto em outros modelos sem pedal de embreagem. Mas encontrar o peso certo para o pé direito não é fácil nessas horas. Nota 6.
Consumo – Segundo o InMetro, na cidade, o Mobi Drive GSR consome 9,8/11,1 km/l na cidade/estrada com etanol e 14/15,9 km/l nas mesmas condições com gasolina. Com esse resultado, é um dos carros mais econômicos do país sem a presença de propulsor elétrico. Nota 10.
Conforto – A suspensão absorve bem as irregularidades do piso, mas o maior problema do modelo é mesmo a falta de espaço interno. Levar qualquer adulto atrás acarreta em aperto para todos. A proposta é a de ser um carro para solteiros ou segundo veículo da família. Por outro lado, o ar-condicionado refrigera rapidamente o habitáculo. Nota 7.
Tecnologia – A plataforma do Mobi é emprestada do Uno e relativamente recente. O motor 1.0 Firefly é novo, extremamente moderno e totalmente influenciado pela tendência de downsizing do mercado automotivo. O sistema opcional de áudio Live On transforma smartphones Android e IOS em uma central multimídia bem funcional e moderna. Um detalhe anacrônico é a presença de um cabo para a entrada USB, que fica oculto sob uma portinhola do Live On – na maioria dos carros, a entrada USB é direta no painel ou no console. E a presença de câmbio automatizado coloca a versão em um patamar acima nesse ponto, considerando-se o segmento e a faixa de preço em que atua. Nota 8.
Habitabilidade – O Mobi é um subcompacto e foi projetado para grandes centros urbanos. Ou seja, não há mesmo promessa de espaço para bagagens robustas ou compras de mês de mercado. São apenas 235 litros e o número de porta-objetos internos também é reduzido, em função dos botões no console para a transmissão automatizada. Nota 5.
Acabamento – Os plásticos rígidos estão por toda parte, mas isso é um tanto comum entre os modelos de entrada das marcas generalistas. Não há rebarbas aparentes e, de maneira geral, os materiais aparentam boa qualidade. Dentro do segmento, está até acima da média. Nota 7.
Design – O Fiat Mobi, apesar de ser um subcompacto, expressa certa robustez em seu visual. A frente traz faróis protuberantes que se ligam à grade em preto brilhante. O tom escuro aparece ainda na moldura dos faróis de neblina e na parte inferior do para-choque – porém, fosco. A tampa do porta-malas em vidro escuro é esteticamente controversa e o perfil é um tanto desequilibrado: a frente é enorme e a traseira parece um pouco atrofiada. Nota 6.
Custo/benefício – O Fiat Mobi Drive GSR parte de R$ 44.780, mas chega a R$ 50.080 completo. Seu único concorrente 1.0 sem embreagem e em tamanho similar é o Volkswagen Up Move, que custa R$ 50.668 e tem mais espaço interno. A vantagem do Mobi é mesmo no preço inicial, que já traz itens de série interessantes para um carro de entrada. Se a prioridade do consumidor for apenas as trocas automáticas de marchas, a opção é boa. Nota 7.
Total – O Fiat Mobi Drive somou 70 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Tecnologia escondida
A movimentação cada vez mais intensa dos grandes centros urbanos se aliou à busca constante pela garantia de conforto nos automóveis de todas as categorias. E isso inclui as de entrada. Nesse ponto, o Fiat Mobi Drive GSR se destaca pela ausência do pedal de embreagem e, consequentemente, a desobrigação de se preocupar com as trocas de marchas em meio aos engarrafamentos e anda e para típicos das grandes cidades. A Fiat sabe disso e nem se preocupou em promover alterações visuais – por fora, nada se diferencia da configuração Drive com câmbio manual.
O motor é o novo 1.0 Firefly de três cilindros. Seus 77 cv com etanol – apenas 2 cv a mais que o 1.0 Fire das demais configurações do Mobi – se juntam aos 10,9 kgfm de torque máximo, disponíveis a 3.250 rpm, para garantir bom vigor tanto na cidade quanto na estrada. Não há falta de força, mas quando se opta pelas trocas automatizadas, os giros são rapidamente elevados em ultrapassagens ou retomadas emergenciais e o barulho invade a cabine de forma incômoda.
Embora a utilidade de uma transmissão automatizada nas cidades seja evidente, o câmbio GSR incomoda bastante. Nas manobras de estacionamento, demora muito até que o carro se movimente sozinho, sem pisar o acelerador. Quando não se quer esperar, volta e meia o peso no pé direito é mais intenso que o ideal, assustando o motorista e até chegando a promover as indesejáveis “encostadinhas” nas vagas de baliza.
Em movimento, há verdadeiros trancos entre as trocas de marchas sentidos pelos ocupantes. A solução para amenizar os “engasgos” é acertar o tempo das trocas e tirar o pé do acelerador. Ou fazer uso das aletas atrás dos volantes – de qualquer forma, não há a necessidade de pisar em uma embreagem ou tirar as mãos da direção. Ou seja, não é o melhor dos mundos, mas já tem seus privilégios.
Ficha técnica
Fiat Mobi Drive GSR
| Motor 1.0 | Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 999 cm³, três cilindros em linha, duas válvulas por cilindro. Injeção multiponto e acelerador eletrônico |
|---|---|
| Transmissão | Automatizada de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira |
| Potência | 72/77 cv com gasolina/etanol a 6.250 rpm |
| Torque | 10,4/10,9 kgfm com gasolina/etanol a 3.250 rpm |
| Aceleração de zero a 100 km/h | 13,9 segundos |
| Diâmetro e curso | 70,0 mm X 86,5 mm |
| Taxa de compressão | 13,2:1 |
| Velocidade máxima | 164 km/h |
| Suspensão | Mc Pherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores, amortecedores hidráulicos e telescópicos de duplo efeito e mola helicoidal. Traseira com eixo de torção com rodas semi-independentes, amortecedores hidráulicos e telescópicos de duplo efeito e mola helicoidal. Não oferece controle eletrônico de estabilidade |
| Pneus | 175/65 R14 |
| Freios | Discos sólidos na frente e tambores atrás. Freios ABS com EBD. Não oferece controle eletrônico de tração |
| Carroceria | Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,57 metros de comprimento, 1,63 m de largura, 1,49 m de altura e 2,30 m de distância entre-eixos. Airbags frontais |
| Peso | 945 kg |
| Capacidade do porta-malas | 235 litros |
| Tanque de combustível | 47 litros |
| Produção | Betim, Brasil |
| Itens de série | Ar-condicionado, para-brisas degradê, banco traseiro bipartido e rebatível, barra de proteção nas portas, brake light, chave canivete com telecomando para abertura e fechamento das portas e vidros, comando interno de abertura do porta-malas e da tampa do tanque de combustível, computador de bordo, desembaçador do vidro traseiro, direção elétrica, controle eletrônico da aceleração, sinalização de frenagem de emergência, faróis com máscara negra, sistema de partida a frio sem tanque auxiliar de gasolina, limpador e lavador do vidro traseiro, predisposição para rádio com 2 alto-falantes dianteiros, 2 alto-falantes traseiros e antena, rodas de aço estampado de 14 polegadas com calotas, tomada 12V, vidros elétricos dianteiros com one touch, travas elétricas e volante com regulagem de altura |
| Preço | R$ 44.780 |
| Opcionais | Faróis de neblina, rodas de liga leve, alarme antifurto, retrovisores externos elétricos com setas de direção integradas, volante multifuncional com comandos de rádio/telefone, banco do motorista com regulagem de altura, sensor de estacionamento traseiro com gráfico de aproximação, porta-óculos, sistema multimídia Live On de integração com smartphone e console de teto com espelho auxiliar |
| Preço completo | R$ 50.080 |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/CZN