A Fiat sempre pensou grande quando o assunto era o Mobi. O subcompacto chegou como uma espécie de trunfo para disputar espaço com o Volkswagen Up e, apesar do tamanho reduzido, atrair a atenção de consumidores que optam por hatches compactos maiores mesmo quando não precisam. Como qualquer modelo de volume, a estratégia foi ampliar a gama de versões. E a mais recente da gama tem um trunfo que, de fato, a diferencia das demais: a adoção do moderno motor 1.0 Firefly, com três cilindros. Construído em Betim, cidade vizinha à capital de Minas Gerais, o propulsor tem duas válvulas por cilindro e sua arquitetura não aceita turbocompressor – na contramão do que a maior parte das fabricantes vem fazendo.
O 1.0 Firefly foi planejado para priorizar a economia de combustível. Para isso, a Fiat alterou o tempo de abertura e fechamento das válvulas, através de um mecanismo variador de fase controlado eletronicamente e instalado na ponta do eixo do comando simples do cabeçote. Deu certo: o Mobi Drive é o carro com motor aspirado mais econômico do mercado nacional. Ganha por pouco do Volkswagen Up: 1,45 MJ/km contra 1,46 MJ/km. E fica só um pouco atrás do Up turbinado TSI, que registra 1,44 MJ/km.
Outro ponto de destaque do Mobi Drive é o sistema Live On. Através de um aplicativo, uma interface da central eletrônica do Firefly se comunica com um smartphone pareado por Bluetooth. O aparelho fica conectado aos alto-falantes do carro e ganha a função de central multimídia, inclusive com dados do computador de bordo do veículo. E ainda permite o uso de aplicativos de navegação, de streaming de música e telefone.
A lista de itens de série é condizente com o segmento. Não surpreende, mas também não decepciona. Há direção elétrica, ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos com one touch, travas por comando remoto, abertura interna para porta-malas e para o compartimento do tanque de combustível, entre outros. Mas o preço inicial de R$ 40.670 pode pular para R$ 45.401 com um pacote de opcionais que inclui o Live On. Além dele, entram itens como faróis de neblina, rodas de liga leve, alarme antifurto, retrovisores elétricos, volante multifuncional, sensor de estacionamento traseiro e console de teto com espelho auxiliar.
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 1.0 6V de 72/77 cv e torque de 10,4/10,9 kgfm com gasolina/etanol deixou o Mobi Drive bem mais ágil que as demais versões, que ainda usam o antigo propulsor da linha Fire. O torque máximo aparece apenas em 3.250 giros, mas bem antes disso o carro já se mostra “esperto”, com arrancadas e retomadas vigorosas. Na estrada, ultrapassagens também são feitas com eficiência sem que se precise recorrer demais às reduções de marcha. Nota 8.
Estabilidade – Apesar de se destacar no trânsito urbano com sua agilidade, o Mobi Drive não foi feito para ser levado ao limite. Convém não abusar, já que há rolagem da carroceria em curvas acentuadas. Porém, tudo dentro do padrão do segmento. Nota 7.
Interatividade – O Mobi tem poucos comandos e todos de leitura fácil e uso intuitivo. O computador de bordo é eficiente e a visibilidade é boa tanto atrás quanto à frente. Até pelo tamanho do carro, estacioná-lo também é bem simples e a versão Drive, quando completa, ainda traz sensor de estacionamento traseiro. Nota 8.
Consumo – Segundo o InMetro, na cidade, o Mobi Drive consome 9,6/11,3 km/l na cidade/estrada com etanol e 13,7/16,1 km/l nas mesmas condições na estrada. Ou seja, é o carro com motor aspirado mais econômico do mercado, com 1,45 MJ/km – o propulsor com quatro cilindros, que equipa as outras versões, tem 1,52 MJ/km. Nota 10.
Conforto – A suspensão absorve bem as irregularidades do piso, mas o maior problema do modelo é mesmo a falta de espaço interno. Levar qualquer adulto atrás quando se tratam de dois passageiros de estatura mediana à frente já acarreta em algum aperto para ambas as partes. Definitivamente, é um carro para solteiros. Por outro lado, o ar-condicionado refrigera rapidamente o habitáculo. Nota 7.
Tecnologia – A plataforma do Mobi é emprestada do Uno e relativamente recente. O motor 1.0 Firefly é novo, extremamente moderno e totalmente influenciado pela tendência de downsizing do mercado automotivo. O sistema opcional de áudio Live On transforma smartphones Android e IOS em uma central multimídia bem funcional e moderna. Nota 7.
Habitabilidade – O Mobi é um subcompacto e foi projetado para grandes centros urbanos. Sendo assim, não é de surpreender que o porta-malas leve pouca bagagem: 235 litros. Os porta-objetos internos, no entanto, são eficientes. O ângulo das portas é bom e a altura interna também. Nota 6.
Acabamento – Os plásticos rígidos estão por toda parte, mas isso é um tanto comum entre os modelos de entrada das marcas generalistas. Não há rebarbas aparentes e, de maneira geral, os materiais aparentam boa qualidade. Nota 7.
Design – O Fiat Mobi, apesar de ser um subcompacto, expressa certa robustez em seu visual. A frente traz faróis protuberantes que se ligam à grade em preto brilhante. O tom escuro aparece ainda na moldura dos faróis de neblina e na parte inferior do para-choque – porém, fosco. A tampa do porta-malas em vidro escuro adiciona uma dose de charme ao modelo, mas o perfil é um pouco desequilibrado: a frente é muito grande e, de lado, causa estranheza. Nota 5.
Custo/benefício – O Fiat Mobi Drive parte de R$ 40.670, mas chega a R$ 45.401 completo. Seu principal concorrente, em função do espaço diminuto e da faixa de preço em que atua, é o Volkswagen Up, que na versão Move sai a R$ 47.154 equipado à altura do Mobi Drive completo, mas sem central multimídia. O Mobi leva vantagem. Nota 7.
Total – O Fiat Mobi Drive somou 72 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Lépido e fagueiro
Visualmente, a versão Drive do Fiat Mobi não traz qualquer atributo que a destaque diante das outras do subcompacto da marca italiana. Na verdade, é mesmo em movimento que ela mostra seu grande trunfo: o novo motor 1.0 Firefly de três cilindros. Nem tanto pelos 77 cv com etanol – apenas 2 cv a mais que o 1.0 Fire das demais configurações –, mas sim pelos 10,9 kgfm de torque máximo, disponíveis a 3.250 rpm. Na verdade, bem antes disso o carro já mostra bom fôlego e agilidade condizentes com compactos de motorizações superiores.
É claro que, para isso, contribui o baixo peso do modelo: 950 kg, que se traduzem em uma relação de 12,3 kg/cv. Nada mau para a categoria em que o carro atua. Não esboça esportividade, mas está longe de apresentar falta de força – pelo menos não em pisos planos. Arrancadas, ultrapassagens e retomadas são feitas com alguma tranquilidade e sem que seja necessário reduzir demais a marcha. Além disso, a economia prometida pelos resultados da avaliação do InMetro é facilmente percebida. Até por quem não alivia tanto o pedal do acelerador.
Não há recursos eletrônicos para garantir mais segurança na questão da estabilidade. Mas isso não significa que haja sensação de insegurança a bordo do Mobi Drive. Obviamente, convém não abusar. As rolagens de carroceria, no entanto, são extremamente sutis e, de maneira geral, o hatch mantém bom equilíbrio em curvas mesmo em velocidades elevadas.
O espaço diminuto, que para muitos representa o principal defeito do Fiat Mobi, torna-se um grande aliado dos motoristas que costumam andar mais sem passageiros no banco de trás e em grandes cidades. É fácil estacionar o subcompacto e, principalmente, achar vagas onde ele caiba. Outro ponto a favor é o sistema Live On opcional. Com ele, aplicativos como Waze ou Spotify são acionados como se fossem nativos do sistema. Além disso, ele ainda traz a função Ecodrive, que avalia o motorista em relação ao uso do acelerador, dos freios e do aproveitamento da inércia para economizar combustível. Cria um jogo interessante para quem deseja reduzir as paradas nos postos de gasolina e, ao mesmo tempo, diminuir a poluição no trânsito.
Ficha técnica
Fiat Mobi Drive
Motor 1.0 | Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 999 cm³, três cilindros em linha, duas válvulas por cilindro. Injeção multiponto e acelerador eletrônico |
---|---|
Transmissão | Manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira |
Potência | 72/77 cv com gasolina/etanol a 6.250 rpm |
Torque | 10,4/10,9 kgfm com gasolina/etanol a 3.250 rpm |
Aceleração de zero a 100 km/h | 12 segundos |
Diâmetro e curso | 70,0 mm X 86,5 mm |
Taxa de compressão | 13,2:1 |
Velocidade máxima | 164 km/h |
Suspensão | Mc Pherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores, amortecedores hidráulicos e telescópicos de duplo efeito e mola helicoidal. Traseira com eixo de torção com rodas semi independentes, amortecedores hidráulicos e telescópicos de duplo efeito e mola helicoidal. Não oferece controle eletrônico de estabilidade |
Pneus | 175/65 R14 |
Freios | Discos sólidos na frente e tambores atrás. Freios ABS com EBD. Não oferece controle eletrônico de tração |
Carroceria | Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,57 metros de comprimento, 1,63 m de largura, 1,49 m de altura e 2,30 m de distância entre-eixos. Airbags frontais |
Peso | 945 kg |
Capacidade do porta-malas | 235 litros |
Tanque de combustível | 47 litros |
Produção | Betim, Brasil |
Itens de série | Ar-condicionado, para-brisas degradê, banco traseiro bipartido e rebatível, barra de proteção nas portas, brake light, chave canivete com telecomando para abertura e fechamento das portas e vidros, comando interno de abertura do porta-malas e da tampa do tanque de combustível, computador de bordo, desembaçador do vidro traseiro, direção elétrica, controle eletrônico da aceleração, sinalização de frenagem de emergência, faróis com máscara negra, sistema de partida a frio sem tanque auxiliar de gasolina, limpador e lavador do vidro traseiro, predisposição para rádio com 2 alto-falantes dianteiros, 2 alto-falantes traseiros e antena, rodas de aço estampado de 14 polegadas com calotas, tomada 12V, vidros elétricos dianteiros com one touch, travas elétricas e volante com regulagem de altura. |
Preço | R$ 40.670 |
Opcionais | Faróis de neblina, rodas de liga leve, alarme antifurto, retrovisores externos elétricos com setas de direção integradas, volante multifuncional com comandos de rádio/telefone, banco do motorista com regulagem de altura, sensor de estacionamento traseiro com gráfico de aproximação, porta-óculos, sistema multimídia Live On de integração com smartphone e console de teto com espelho auxiliar |
Preço completo | R$ 45.401 |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/CZN