Carros de volume tendem a ter diversas versões, para atrair diferentes tipos de consumidores. A Fiat sempre seguiu essa lógica. Não é de espantar que o sucesso da Toro no mercado nacional fizesse com que a marca italiana ampliasse o portfólio de sua picape, que passeia entre o segmento compacto com suas versões flex e o médio com as configurações turbodiesel – estas últimas, capazes de transportar uma tonelada de carga. Tanto que, no final do ano passado, o utilitário com caçamba ganhou a variante Freedom 2.4 AT9, com o novo motor 2.4 Tigershark flex e câmbio automático de nove velocidades – o mesmo adotado na motorização turbodiesel do modelo. Por enquanto, o propulsor é exclusivo da versão intermediária. Mas é provável que, em breve, seja aplicado também à topo de linha Volcano.
O propulsor entrega 174 cv com gasolina e 186 cv com etanol, com torque de 23,5 kgfm e 24,9 kgfm nas mesmas condições, sempre a 4 mil giros. E recebe sistema MultiAir de segunda geração, capaz de controlar eletricamente o tempo de abertura das válvulas de admissão, individualmente. No momento de injetar a mistura ar/combustível na câmara, o sistema pode abrir a válvula total ou parcialmente, antecipar ou retardar o momento de abertura e até abrir as válvulas mais de uma vez no tempo de admissão. O resultado é uma variação constante de torque e potência, de acordo com a situação.
Um dos pontos que mais desfavorecem o propulsor 1.8 flex utilizado pelas outras variantes da Toro e ainda pelo Jeep Renegade, com o qual a picape compartilha a plataforma, o gasto de combustível se tornou uma das grandes preocupações da Fiat. Tanto que o propulsor Tigershark 2.4 traz start/stop, que desliga o motor em pequenas paradas e religa-o automaticamente quando se tira o pé do freio. Além disso, alternador, bomba de combustível e ventoinha do radiador recebem um sistema de controle direcionado especialmente para melhorar a eficiência energética. Tudo para reduzir o consumo de combustível. O resultado não chega a impressionar, mas garante nota A na categoria e C no geral no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do InMetro. As médias registradas foram de 5,9/8,6 km/l na cidade e 7,4/10,8 km/l na estrada, com etanol/gasolina no tanque.
A lista de equipamentos da versão mais recente da Toro é extensa. A picape chega com ar-condicionado, direção e trio elétricos, controles eletrônicos de estabilidade e tração, controle de velocidade de cruzeiro, capota marítima, retrovisores rebatíveis eletricamente, sensor de pressão nos pneus, volante em couro e paddle shifts para trocas manuais de marchas, entre outros itens. O preço parte de R$ 98.730. Mas há pacotes de opcionais capazes de recheá-la ainda mais e, obviamente, encarecer essa conta. O teto solar adiciona R$ 4.037 e barras longitudinais no teto, R$ 461. Já bancos parcialmente em couro e airbags de cortina e de joelhos para motorista somam R$ 4.985. Faróis de neblina, sensor de chuva e crepuscular, retrovisor interno eletrocrômico, apoia-braço central dianteiro e traseiro, tomada 12V e entrada USB extras, ar-condicionado digital dualzone, central multimídia de com tela touch de 5 polegadas e GPS, câmara de ré e rodas de liga leve de 17 polegadas – no lugar das de aço e com 16 polegadas originais – fazem parte de um kit que sai a R$ 8.509. Com teto solar, o carro vai a R$ 116.261, enquanto que com barras de teto – os dois opcionais são incompatíveis – essa conta cai para R$ 112.685. Ou seja, completa, a Fiat Toro Freedom 2.4 AT9 ultrapassa os R$ 109.290 iniciais pedidos pela mesma versão, mas com propulsor turbodiesel e tração integral.
Impressões ao dirigir
Agilidade flexível
O motor maior melhorou – e muito – o desempenho da Toro, em comparação às versões com o propulsor 1.8, de 139 cv. É claro que não se trata de um modelo esportivo, mas o ganho de aceleração é notável e, por mais que o torque máximo só aparece na faixa de 4 mil giros, bem antes a picape se mostra esperta e com vigor para entregar retomadas e ultrapassagens eficientes.
De maneira geral, o rodar é praticamente o mesmo de um carro de passeio. Às vezes, a caçamba só não é esquecida pela visibilidade traseira, que é a típica das picapes, um tanto prejudicada. O sistema de suspensão recebe MacPherson na frente e multilink atrás, o que contribui ainda mais para o equilíbrio mesmo diante de curvas mais acentuadas e em velocidades altas. É muito difícil sentir a carroceria rolar ou perceber a atuação do controle dinâmico de estabilidade.
Além do ganho de potência e torque, uma das vantagens da Toro com o novo trem de força é a transmissão automática de nove marchas, antes exclusiva das configurações diesel – ela não é compatível com o propulsor 1.8 da Fiat. Ela estende ou reduz as marchas sempre que é necessário contar com um pouco mais de vigor do carro, sem vacilações. Na verdade, as quatro últimas velocidades são de “overdrive”, ou seja, contribuem para a diminuição do barulho e do gasto de combustível em velocidades mais altas. E, definitivamente, funcionam.
Ficha técnica
Fiat Toro Freedom 2.4 AT9
Motor | Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 2.360 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Coletor de admissão variável, injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico |
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Transmissão | Câmbio automático de nove velocidades à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração de série |
Potência | 174 cv com gasolina e 186 cv com etanol a 6.250 rpm |
Torque máximo | 23,5 kgfm com gasolina e 24,9 kgfm com etanol a 4 mil rpm |
Aceleração 0-100 km/h | 10,5 segundos com gasolina e 9,9 s com etanol |
Velocidade máxima | 197 km/h com gasolina e 200 km/h com etanol |
Diâmetro e curso | 88 mm x 97 mm |
Taxa de compressão | 11,8:1 |
Suspensão | Dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo multilink, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores de duplo efeito e molas progressivas. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série |
Pneus | 215/65 R16 |
Freios | Discos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS com EBD |
Carroceria | Picape em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 4,92 metros com 1,84 m de largura, 1,69 m de altura e 2,99 m de entre-eixos. Possui airbags frontais de série. Airbags laterais e para joelho de motorista opcional |
Peso | 1.704 kg |
Capacidade da caçamba | 850 litros |
Capacidade de carga | 650 kg |
Tanque de combustível | 60 litros |
Lançamento no Brasil | 2016 |
Produção | Goiana, Pernambuco |
Itens de série | Abertura elétrica bocal de abastecimento, alarme antifurto, alertas de limite de velocidade e manutenção programada, ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, brake light, capota marítima, chave canivete com telecomando para abertura e fechamento das portas, computador de bordo, direção elétrica, sistema Isofix para fixação de cadeira de criança, ganchos para amarração de carga na caçamba, hill holder, hodômetro digital, lanterna traseira em leds, controle de velocidade de cruzeiro, radio com RDS, entrada USB/AUX, Bluetooth e função audio streaming, retrovisores externos elétricos, rodas de aço de 16 polegadas, sensor de estacionamento traseiro, sistema Start/Stop, vidros e travas elétricos, volante multifuncional, sensor de pressão dos pneus e lanterna traseira de neblina |
Preço | R$ 98.730 |
Opcionais da unidade testada | Barras longitudinais no teto, bancos parcialmente em couro, airbags de cortina e de joelhos para motorista, faróis de neblina, sensor de chuva e crepuscular, retrovisor interno eletrocrômico, apoia-braço central dianteiro e traseiro, tomada 12V e entrada USB extras, ar-condicionado digital dualzone, central multimídia de com tela touch de 5 polegadas e GPS, câmara de ré e rodas de liga leve de 17 polegadas. |
Preço da unidade testada | R$ 112.685 (cor metálica adiciona R$ 1.593 à conta e perolizada, R$ 2.035) |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/CZN