O mercado de utilitários no Brasil sempre foi mais ligado à aparência do que à aptidão off-road. Instigar o desejo do consumidor por uma vida fora da estrada oferece muito mais retorno para as fabricantes do ponto de vista mercadológico. E, no caso do Tiguan R-Line, a Volkswagen encontrou uma maneira de apostar tanto no lado utilitário quanto no esportivo. O carro oferece tração nas quatro rodas, como a versão normal, mas tem indícios de esportividade – ao menos, visuais – ressaltados por adereços que vão desde inserções do logotipo da linha até rodas de liga leve de 18 polegadas e aerofólio traseiro. A agressividade, no entanto, não chegou ao trem de força. A parte mecânica é a mesma do Tiguan "convencional". Porém, enquanto o competente motor TSFI 2.0 turbo e a transmissão automática de seis velocidades formam um conjunto atraente, os quase R$ 150 mil cobrados pelo modelo não ajudam a torná-lo sedutor.

O Tiguan R-Line é um carro caro. Só para inserir o pacote, é preciso acrescentar R$ 20.065 ao preço inicial do Tiguan mais simples. Assim, o modelo parte dos R$ 132.250, valor muito distante até do preço do rival mais caro, o Honda CR-V de topo, que parte dos R$ 114.900, e R$ 34 mil a mais que o Hyundai iX35, por exemplo. O mais agravante é que, mesmo nessa faixa de preço, não oferece nada de tão exclusivo. A lista de equipamentos de série traz todo o trivial do segmento. Para piorar, equipamentos que poderiam se traduzir em importantes diferenciais – como o teto solar panorâmico e o Park Assist, por exemplo – são instalados como opcionais que deixam o preço em elevados R$ 148.660.

Volkswagen Tiguan R-Line

Por fora, o Tiguan R-Line apresenta rodas de liga leve de 18 polegadas, para-choques exclusivos e aerofólio. No interior, o banco do motorista é aquecível e recebe regulagem elétrica, além de ajuste lombar. O volante é diferente, mais esportivo, e os pedais são de alumínio. As soleiras das portas são personalizadas com o logotipo R-Line, a exemplo dos bancos e da grade frontal. O restante é o mesmo oferecido no modelo base. Estão preservados ar-condicionado de duas zonas, airbags frontais, laterais e de cortina, rádio com tela touchscreen, freio de estacionamento elétrico, trio elétrico, sensores de chuva e luminosidade e detector de fadiga.

Mesmo sem qualquer alteração, um dos pontos positivos do Tiguan R-Line continua sendo o trem de força. O TSFI 2.0 de quatro cilindros com turbocompressor produz satisfatórios 200 cv a 5.100 rpm. O propulsor descarrega nas quatro rodas um torque de 28,5 kgfm, que é disponibilizado na ampla faixa dos 1.700 rpm aos 5 mil giros. O conjunto é acoplado a uma transmissão automática de seis velocidades. A composição leva os 1.585 kg do Tiguan partirem do zero até os 100 km/h em 8,5 segundos. A velocidade máxima é de 207 km/h.

Mesmo em um dos segmentos mais crescentes do país, o valor cobrado ainda é determinante para a composição do mercado. Mais caro de todos os competidores, o Tiguan tem emplacado uma média mensal de 480 unidades – mix que engloba as versões convencional e R-Line somadas. O topo do ranking é ocupado pelo Hyundai IX35, com uma média de 890 unidades por mês – quase o dobro do utilitário da Volkswagen.

Volkswagen Tiguan R-Line

Ponto a ponto

Desempenho – Embora a série "R-Line" tenha um tom mais esportivo, o motor do Tiguan é o mesmo da versão "convencional". O bom 2.0 TSFI entrega 200 cv, que juntos aos 28,5 kgfm se mostram suficientes para mover o carro sem qualquer esforço. A transmissão de seis velocidades completa o conjunto que confere boa destreza ao utilitário em praticamente todas as exigências do motorista. Nota 9.

Estabilidade – O Tiguan R-Line tem a suspensão mais rígida, algo que compensa a estatura do utilitário e o mantém estável o tempo todo. É raro, numa tocada civilizada, precisar corrigir a trajetória do Tiguan nas curvas. Ainda mais com os largos pneus 235/50 R18. Em frenagens mais bruscas a frente não mergulha e o carro para sem desvios de trajetória. Nota 8.

Interatividade – O teto solar panorâmico dá a impressão de melhorar a já elogiável visibilidade. Parece também aumentar o espaço interno. Ilusões à parte, o Tiguan tem os comandos bem posicionados e a utilização do carro é simples. O sistema de entretenimento, controlado através de uma vistosa – porém pequena – tela sensível ao toque, tem uso descomplicado. Nota 8.

Volkswagen Tiguan R-Line - Interior

Consumo – O computador de bordo do Tiguan R-Line marcava, em média, 8,1 km/l. Não é um consumo ruim, quando se trata de um carro nas proporções do utilitário da Volkswagen. No entanto, o número ainda está abaixo dos 9 km/l médios declarados pela fabricante. O InMetro não fez medições do utilitário alemão. Nota 7.

Conforto – Espaço é o que não falta para qualquer um dos cinco ocupantes do Tiguan. O banco traseiro leva três adultos sem problemas. Além disso, os estofados têm densidade agradável e os ajustes do banco e da coluna de direção permitem ao motorista encontrar facilmente a melhor ergonomia. Nota 8.

Tecnologia – Sob o capô, o Tiguan tem um motor que, com turbo e injeção direta de combustível, oferece boa dose de modernidade. No entanto, a transmissão automática não é o que a Volkswagen tem de melhor a oferecer – a de dupla embreagem é mais eficiente. E a plataforma também não é das mais recentes – data de 2003, quando surgiu junto com o Golf V europeu. Nota 7.

Volkswagen Tiguan R-Line

Habitalidade – É fácil entrar no Tiguan por qualquer uma das portas. O ângulo de abertura é bom e o fato de o carro ser alto não atrapalha. Dentro há porta-objetos bastante práticos e em boa quantidade. Nota 8.

Acabamento – O acabamento do Tiguan já é agradável na versão normal, com material emborrachado agradável ao toque no painel. E a R-Line só amplia estas virtudes. As soleiras especiais, os pedais de alumínio e o belo volante melhoram bastante o aspecto da cabine. Nota 8.

Design – O Tiguan tem visual limpo e, apesar da simplicidade de suas linhas, atrai alguns olhares pelas ruas. E as rodas aro 18, os para-choques e o spoiler traseiro, incrementos do pacote R-Line, dão um ar mais jovial ao utilitário compacto. De negativo fica a semelhança entre todos os modelos da marca, que deixa o Tiguan com um jeitão de um Gol "anabolizado". Nota 7.

Volkswagen Tiguan R-Line - Traseira

Custo/benefício – O comportamento dinâmico do Tiguan é melhor que o de rivais como o Mitsubishi ASX e Peugeot 3008, por exemplo. Mas, se a versão "convencional" já é mais cara que os concorrentes, a R-Line é ainda mais salgada. Custa R$ 132.250 – R$ 20.065 a mais que o modelo comum –, valor bastante oneroso e que extrapola os limites do segmento. Isso sem os opcionais presentes na versão testada, que fazem chegar a inviáveis R$ 148.600. Nota 4.

Total – O novo Volkswagen Tiguan R-Line somou 74 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir - Dinâmica dos números

Não houve qualquer alteração mecânica no Tiguan R-Line. Mas os adereços, por mais simples que sejam, criam uma atmosfera que inspira a acelerar um pouco mais. E os 200 cv do motor não decepcionam. O torque, sempre de prontidão, aparece já desde as 1.700 rpm, o que garante grande vigor nas arrancadas, e mantém o utilitário alemão sempre "acordado" para retomadas, já que permanece presente na longa faixa até as 5 mil rpm. A transmissão também realiza bom trabalho e não deixa espaços entre as trocas.

Limpador de Faróis

O acerto da suspensão do Tiguan R-Line – rigorosamente o mesmo da versão convencional – garante notável estabilidade, mesmo quando se trafega em alta velocidade. Em áreas sinuosas o utilitário se mantém o tempo inteiro sob controle e nem mesmo a estatura elevada atrapalha. A tração nas quatro rodas também favorece a neutralidade do SUV nas curvas. E apesar do ajuste, o conforto não foi prejudicado. A "buraqueira" enfrentada diariamente por qualquer motorista brasileiro é bem assimilada pela suspensão.

Comportamento dinâmico à parte, a vida dentro do Tiguan R-Line é interessante. O teto solar panorâmico deixa o ambiente bastante agradável e a ergonomia é favorecida pelos diversos ajustes elétricos de altura, distância e da lombar oferecidos pelo banco, além da possibilidade de regular o volante em altura e profundidade – manualmente. O já conhecido Park Assist da Volkswagen é outro item de conveniência que melhora muito a relação com o carro. O dispositivo – opcional – identifica vagas e estaciona o carro com precisão sem qualquer necessidade de interação do motorista com o volante. E a direção eletronicamente assistida é leve nas manobras e firme em velocidades elevadas. Sustos mesmo, só ao olhar a etiqueta de preço, demasiadamente exagerada para o segmento e para o produto.

Volkswagen Tiguan R-Line

Ficha técnica - Volkswagen Tiguan R-Line

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.984 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando duplo de válvulas no cabeçote. Injeção direta de combustível, acelerador eletrônico e turbocompressor com intercooler.

Transmissão: Câmbio automático sequencial de seis velocidades à frente e uma a ré. Tração integral. Oferece controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 200 cv a 5.100 rpm.

Aceleração 0-100 km/h: 8,5 segundos.

Velocidade máxima: 207 km/h.

Torque máximo: 28,5 kgfm entre 1.700 rpm e 5 mil giros.

Diâmetro e curso: 82,5 mm x 92,8 mm. Taxa de compressão: 9.8:1.

Motor TSFI 2.0 turbo

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira independente do tipo Fourlink, com braços sobrepostos, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.

Pneus: 235/50 R18.

Freios: A discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS e EBD.

Carroceria: Utilitário esportivo médio em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,42 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,66 m de altura e 2,60 m de entre-eixos. Oferece airbags duplos frontais, laterais dianteiros e do tipo cortina.

Peso: 1.585 kg com 645 kg de carga útil.

Capacidade do porta-malas: 470 litros.

Tanque de combustível: 63,5 litros.

Produção: Wolfsburg, Alemanha..

Lançamento mundial: 2007

Lançamento no Brasil: 2009.

Reestilização: 2011.

Itens de série: Ar-condicionado de duas zonas, airbags frontais, laterais e de cortina, ABS, EBD, controle de estabilidade e de tração, rádio com tela touchscreen, freio de estacionamento elétrico, trio elétrico, sensor de chuva e luminosidade, bancos dianteiros aquecíveis, ajuste de altura e apoio lombar elétricos no banco do motorista, aerofólio traseiro, volante multifuncional com espátulas de comando de marchas, display colorido do computador de bordo, conexão Bluetooth e para iPod no rádio, detector de fadiga, rodas de liga leve de 18 polegadas com dispositivo antifurto, pedais de aço inoxidável .

Preço: R$ 132 mil.

Opcionais: Partida por botão, Park Assist, GPS, faróis bi-xenon com led, bancos de couro, ajuste elétrico do banco para o motorista e teto solar panorâmico.

Preço completo: R$ 148.660.

Autor: Michael Figueredo (Auto Press)
Fotos: Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias