Lançar o Fusion no Brasil foi uma bela sacada da Ford. Desde que chegou ao mercado nacional, em 2006 – um ano depois de ter sido lançado no México, de onde é importado –, o sedã médio-grande incomodou bastante a concorrência. Seu "segredo" é ser um modelo "de amplo espectro". Consegue interessar tanto os consumidores habituais das versões topo de linha dos sedãs médios de marcas generalistas – Toyota Corolla, Honda Civic, Chevrolet Cruze e Nissan Sentra –, quanto os dos médio-grandes – Honda Accord, Toyota Camry, Hyundai Azera e Volkswagen Passat – e até os que buscam os sedãs médios das marcas de luxo – Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C. Em todas essas brigas, o Fusion sempre teve o design como um ponto positivo – principalmente com a chegada da atual geração, em 2012. E a Ford continua acreditando no potencial do produto. Tanto que o Fusion apresenta sua linha 2017 com novidades discretas: ligeiras atualizações estéticas nos conjuntos óticos dianteiro e traseiro e na grade, além de ajustes nos motores. Para se manter competitivo, também incorporou novos equipamentos, especialmente na versão "top".
Entre os novos "gadgets" do Fusion na linha 2017, os destaques são as chamadas tecnologias semiautônomas – que substituem parcialmente o trabalho do motorista. No caso do Fusion "top", agora é item de série um assistente de frenagem autônoma com detecção de pedestres. Operado por radar e sensores, pode atuar diretamente sobre o sistema de freios para evitar atropelamentos e colisões. Outros atrativos tecnológicos são o piloto automático adaptativo com "stop & go" – que monitora e mantém uma distância segura do veículo da frente – e um sistema de estacionamento automático, em vagas paralelas ou perpendiculares à via. Em termos de segurança, o Fusion traz ainda oito airbags, cintos de segurança traseiros infláveis, sistema de monitoramento de ponto cego, sistema de monitoramento de faixas, sistema de detecção de cansaço do motorista, monitoramento de pressão individual dos pneus no cluster, além do controle de estabilidade e tração Advance Trac. Com tudo isso, o novo Fusion obteve classificação máxima de segurança dos institutos norte-americanos National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) e do IIHS (Insurance Institute for Highway Safety). A conectividade também foi aprimorada com a incorporação do Sync 3 com tela capacitiva de 8 polegadas e acesso aos softwares de espelhamento de smartphones Apple Car Play e Android Auto. As fontes de letras e ícones do sistema estão maiores e mais fáceis de visualizar.
Esteticamente, o Fusion ainda estava "bem na foto", de acordo com as pesquisas da marca. Por isso, a opção foi por preservar as características existentes, com discretas modernizações. A grade dianteira foi sutilmente redesenhada e passa a contar com sistema de fechamento ativo, semelhante ao adotado nos modelos de competição, para aprimorar a refrigeração do motor e a aerodinâmica. Os farois ganharam uma assinatura em leds e são full led na versão Titanium. As lanternas foram redesenhadas, ganharam luzes em leds e estão mais amplas - agora são unidas por um friso cromado. As rodas são de 18 polegadas, com diferentes desenhos para cada versão.
Em um interior onde os acabamentos estão mais requintados, a grande novidade é que a tradicional manopla do câmbio automático dá lugar a um seletor giratório - que a marca chama de E-shifter. Lembra os seletores existentes em modelos da Jaguar e da Land Rover. Nele é possível indicar os modos Park, Drive, Reverse, Neutral e Sport - esse último, apenas nas versões com motor Ecoboost. Na versão 2.5 Flex, conta com a função Low, que ajuda a segurar o carro em declives usando o freio-motor. O câmbio automático é sempre de seis velocidades.
Em relação aos trens de força, segundo a marca, o objetivo das alterações foi aumentar a eficiência energética do 2.0 Ecoboost turbo a gasolina, que empurra as versões SEL e Titanium, e o 2.5 aspirado flex, de 175 cv, que move a versão de entrada SE. Com redução dos atritos e outros aprimoramentos mecânicos, a Ford assegura que ambos os motores estão, em média, 7% mais em relação aos modelos da linha 2016. Para dar uma pitada a mais de esportividade, o motor 2.0 Ecoboost também ganhou 8 cv de potência - agora são 248 cv
Como a proposta do Fusion é disputar consumidores em diferentes segmentos, existem versões pensadas "na medida" para todas as demandas. No modelo 2017, o mais barato é o 2.5 Flex SE, que parte de R$ 121.500. Logo acima está versão intermediária 2.0 Ecoboost SEL, que sai por R$ 125.500. E a "top" de linha é a Ecoboost Titanium, que custa por R$ 138 mil com tração dianteira. Mas existe ainda uma versão que poderia ser definida como "top do top", que oferece tudo que um Fusion pode ter. Trata-se da 2.0 Ecoboost Titanium AWD, com tração integral, que atinge os R$ 154.500.
Ponto a ponto
Desempenho - A versão 2.0 Ecoboost Titanium AWD ganhou 8 cv em relação ao modelo anterior. Agora, são 248 cv - uma bela potência para um sedã desse porte. Mas o mais interessante é que o novo compressor faz com que 95% do torque esteja disponível já em 1.750 rpm. Para quem dirige, isso se traduz em um veículo sempre esperto em todas as faixas de giro. Nota 9.
Estabilidade - A suspensão sempre foi um ponto alto do Fusion, na versão 2017, as molas foram recalibradas, para aprimorar. O modelo é equilibrado e se comporta bem em trechos sinuosos, feitos em alta velocidade. Quando é necessário, os sistemas eletrônicos também estão lá para ajudar: controle de estabilidade, de tração, assistente de partida em rampas, etc. Nota 9.
Interatividade - O E-shifter, comando circular que substitui a antiga manopla do câmbio, é eficiente e fácil de acionar. O posicionamento dos comandos é correto e favorece a utilização. O isolamento acústico evoluiu expressivamente, com menos ruídos e vibrações. A direção eletricamente assistida ajuda a tornar a relação com o motorista mais amistosa. E a versão "top" do Fusion oferece algumas mordomias usuais em sedãs de marcas de luxo - é possível até ligar o ar-condicionado antes de chegar ao carro, para já encontrá-lo fresquinho. Nota 8.
Consumo - Segundo a Ford, os dois motores estão em média 7% mais econômicos. Segundo dados da Ford, as versões com motor 2.0 Ecoboost, movido a gasolina, fazem média de 8,6 km/l em trânsito urbano e 11,7 km/l na estrada. Já o motor 2.5 flex faz 6 km/l com etanol e 8 km/l com gasolina na cidade e 8,5 km/ com etanol e 11,3 km/l com gasolina em circuito rodoviário. Nota 7.
Conforto - O Fusion sempre foi um sedã confortável e aconchegante. Os ajustes elétricos dos bancos facilitam que se ache posições agradáveis para viajar. Além disso, eles são bem projetados e proporcionam um conforto acima da média. Na versão Titanium, os bancos contam com aquecimento ou refrigeração. A suspensão absorve bem as irregularidades do piso, mas um detalhe incomoda um pouco, principalmente em trajetos com muitas lombadas. O carro é baixo e, mesmo em baixas velocidades, tende a raspar o fundo. Tal inconveniente é especialmente desagradável nas lombadas grotescas e mal projetadas, que proliferam na maioria do país. Nota 8.
Tecnologia - Nesse aspecto, a versão 2.0 Ecoboost Titanium AWD certamente é o melhor Fusion de todos os tempos. Vem com tudo que o sedã mexicano pode oferecer: assistente de frenagem autônoma com detecção de pedestres, piloto automático adaptativo com "stop & go", sistema de estacionamento automático, cintos de segurança traseiros infláveis, sistema de monitoramento de ponto cego, sistema de monitoramento de faixas, sistema de detecção de cansaço do motorista, monitoramento de pressão individual dos pneus no cluster, controle de estabilidade, controle tração Advance Trac e o moderno sistema de infoentretenimento Sync 3, com menus simplificados para as funções de telefone, navegação, áudio, ar-condicionado e aplicativos. Chave com sensor de presença para acesso inteligente e partida sem chave, ar-condicionado automático de dupla zona com saída para os bancos traseiros, partida remota, sensor de chuva e tomada de 110 V e oito airbags – frontais, laterais e, de cortina e de joelho, para motorista e passageiro – são outros itens oferecidos pelo modelo. Além disso, os motores receberam modernizações e se tornaram mais eficientes – e finalmente o Fusion eliminou o anacrônico "tanquinho" de gasolina para as partidas a frio. Nota 9.
Habitabilidade - Os acessos são eficientes, proporcionados pelas amplas portas. A adoção do E-shifter no lugar da antiga manopla do câmbio permitiu uma melhor ergonomia para o apoio de braços e o porta-copos do console. E a ampla área envidraçada proporciona boa visibilidade. O porta-malas leva bons 453 litros – não houve mudanças em relação ao modelo anterior. Nota 9.
Acabamento - O Fusion 2017 traz mais superfícies almofadadas e revestimentos de aspecto mais sofisticado que a versão anterior. Os couros usados em boa parte do revestimento aparentam boa qualidade e os acabamentos parece mais precisos. Nota 8.
Design - Embora seu estilo já não seja mais novidade, o Fusion conseguia uma interessante combinação de sofisticação e esportividade, com seu perfil dinâmico e esportivo. O parabrisas e a coluna traseira são bastante inclinados, o que dá um design fluido que remete aos cupês. Todas essas características foram preservadas na linha 2017. A reestilização dos conjuntos óticos rejuvenesceu um pouco o design. A grade trapezoidal também foi sutilmente redesenhada e ganhou uma nova moldura. O adorno cromado tornou a traseira mais imponente e dá a impressão de que o carro é mais largo. As ponteiras de acabamento em aço inox reforçam o aspecto esportivo. No interior, também houve interessantes evoluções, que tornaram o carro mais requintado. Nota 8.
Custo/benefício - A linha 2017 do Fusion começa no 2.5 Flex SE, que parte de R$ 121.500. Logo acima está a 2.0 Ecoboost SEL, que sai por R$ 125.500. Já a "top" de linha Ecoboost Titanium custa por R$ 138 mil com tração dianteira e R$ 154.500 na versão AWD, com tração integral. Longe de ser barato, o sedã consegue valores competitivos com toda a ampla faixa de concorrentes que de dispõem a encarar. Nota 6.
Total - O Fusion 2.0 Ecoboost Titanium AWD obteve 81 dos 100 pontos possíveis.
Impressões ao dirigir
Percepção de qualidade
Mata de São João/BA - O Fusion é produzido em cinco países – Estados Unidos, México, Espanha, Rússia e China – e vendido em mais de 160 mercados. No Brasil, já vendeu mais de 96.000 unidades. Uma das razões de sua boa aceitação em todo o mundo está em seu interior. Na linha 2017, o habitáculo do Fusion continua a ser um lugar agradável e bem projetado. Os designers da Ford pensaram em soluções criativas – umas são evidentes, mas outras são tão discretas que o motorista vai descobrindo e apreciando gradualmente, na medida em que conhece mais o carro. Na versão 2.0 Ecoboost Titanium AWD, uma dessas soluções é o sistema de iluminação da cabine em sete cores, com leds localizados em pontos tradicionalmente sombrios e mal iluminados – dentro dos porta-objetos, no console, áreas vazadas do painel, console do banco traseiro e sob o painel de instrumentos. Uma ideia simples, mas que amplia consideravelmente a percepção de espaço a bordo e torna o ambiente mais "clean".
Quando começa a rodar, o motorista logo adquire confiança no sedã "top" da Ford. Basta pisar no acelerador que o motor comparece, sem vacilações. A entrega do torque máximo acontece já em 1.750 rpm, o que deixa o sedã "esperto" em qualquer faixa de giros. O sedã circula com facilidade no "para e anda" do trânsito urbano, mas é quando atinge as estradas que ele se sente "em casa". Oferece retomadas vigorosas e ultrapassagens seguras e precisas. Nas retas e curvas, mesmo em velocidades elevadas, o equilíbrio do sedã da Ford impressiona – nesse aspecto, a tração integral AWD e os diversos controles eletrônicos de tração e estabilidade dão sua contribuição sempre que necessário. E, quando é necessário frear bruscamente, o Fusion também o faz de forma serena e elegante.
Um charme a mais do Fusion 2.0 Ecoboost Titanium AWD linha 2017 são as tecnologias semiautônomas, aparentemente, se tornaram uma verdadeira "obsessão" da indústria automotiva mundial. No Fusion, elas se fazem representar principalmente pelo assistente de frenagem autônoma com detecção de pedestres. O sistema dispara um alerta sonoro e visual ao detectar a possibilidade de colisão com um veículo à frente, ao mesmo tempo em que pré-carrega os freios para uma resposta mais rápida. Se o motorista não realizar nenhuma ação, o veículo pode desacelerar e parar automaticamente. Outra tecnologia semiautônoma presente no Fusion "top" é o sistema de estacionamento automático. Seja em vagas paralelas ou perpendiculares à via, ao acionar o sistema, o motorista controla apenas os freios, o câmbio e o acelerador, seguindo as indicações no painel, enquanto a direção é manobrada automaticamente. Tais tecnologias semiautônomas são um tanto "invasivas" e certamente irão incomodar alguns motoristas mais arraigados às velhas tradições. Mas são bastante efetivas em termos de segurança.
Ficha técnica
Novo Ford Fusion
Motor 2.5 Flex | Bicombustível, dianteiro, transversal, 2.489 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e acelerador eletrônico |
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Transmissão | Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré com modo sequencial e trocas no volante. Tração integral. Oferece controle eletrônico de tração |
Potência máxima | 167 cv/175 cv a 6.000 rpm com gasolina/etanol. |
Torque máximo | 23,2 kgfm/24,1 kgfm a 4.500 rpm com gasolina/etanol |
Diâmetro e curso | 89,0 mm x 100 mm |
Taxa de compressão | 9,7:1 |
Motor 2.0 Ecoboost | A gasolina, dianteiro, transversal, 1.999 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, turbo. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico |
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Transmissão | Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré com modo sequencial e trocas no volante. Tração dianteira ou integral. Oferece controle eletrônico de tração |
Potência máxima | 248 cv a 5.500 rpm. |
Torque máximo | 39 kgfm entre 1.750 rpm e 4.500 rpm |
Diâmetro e curso | 87,5 mm x 83,1 mm |
Taxa de compressão | 9,3:1 |
Suspensão | Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira independente do tipo Multilink, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade |
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Pneus | 235/45 R18 |
Freios | Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD |
Carroceria | Sedã com quatro portas e cinco lugares. Com 4,87 metros de comprimento, 1,91 m de largura, 1,49 m de altura e 2,85 m de entre-eixos. Oferece sete airbags: dois frontais, dois laterais dianteiros, dois do tipo cortina e um para o joelho do motorista |
Peso | 1.599 kg |
Capacidade do porta-malas | 453 litros |
Tanque de combustível | 63 litros |
Itens de série e Preços
Fusion 2.5 Flex SE | seletor E-shifter, chave com sensor de presença, abertura e partida sem chave (Ford Power), grade dianteira com controle ativo, faróis com luz diurna de LED, rodas de liga leve 18”, sensor de monitoramento individual de pressão dos pneus e sistema de conectividade SYNC 3 com 11 alto-falantes, compatível com Apple CarPlay e Android Auto |
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Preço | R$ 121.500 |
Fusion 2.0 EcoBoost SEL | adiciona sistema Auto Start-Stop, partida remota e rodas de liga leve com outro desenho. O teto solar é opcional por R$ 4.000 |
Preço | R$ 125.500 |
Fusion 2.0 EcoBoost Titanium | soma faróis Full LED, novas rodas de liga leve 18”, sistema de conectividade SYNC 3 com Sony Premium Sound e 12 alto-falantes, sistema de monitoramento de ponto cego com alerta de tráfego cruzado, sistema de permanência em faixa, farol alto automático, ajuste elétrico do banco do passageiro em 10 direções, bancos dianteiros aquecidos e refrigerados, sensor de chuva, sistema de personalização da luz ambiente e aerofólio. É possível adicionar teto solar por R$ 4.000 |
Preço | R$ 138.000 |
Fusion 2.0 EcoBoost Titanium AWD | tração integral, piloto automático adaptativo com “stop and go”, alerta de colisão com assistente autônomo de frenagem, assistente autônomo de detecção de pedestres, estacionamento automático de segunda geração e teto solar |
Preço | R$ 154.400 |
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos externas: Luiz Humberto Monteiro Pereira/CZN; Fotos internas: Divulgação